Tudo tem um custo nesta vida.
Se você encontrou alguma coisa - qualquer coisa -, baratinha, ou se foi convidado para um boca livre - qualquer boca livre -, saiba que alguém está, de uma forma ou de outra, pagando, e muito caro, por isso, e que, entre esse alguém e você, existe aquele que está ficando com a maior parte dos ganhos: esses, são os espertos. Os verdadeiros.
O mundo, como se sabe, sempre foi dos espertos.
Os que fazem os demais pensarem que estão levando alguma vantagem.
Os verdadeiros espertos são os que fazem você pensar que você é mais esperto que os demais - e você acredita.
Os que fazem você pensar que se distingue dos demais, pelo que consome, e você, mais que prontamente, acredita.
Considerável parcela da classe média mundial sequer desconfia que se mata de trabalhar para sustentar os pobres e os ricos - muito especialmente os muito ricos.
Trabalha para sustentar o mundo e seu status quo: o de um planeta miserável, em que bilhões passam fome e não têm nenhuma chance de se desenvolver; e em que meia dúzia - e é meia dúzia mesmo - detêm metade de toda a riqueza mundial.
Considerável parcela da classe média mundial sequer tem tempo de pensar - e muito menos repensar - o seu papel de sustentáculo do mundo e de seu estado de coisas.
O que agora acontece, contudo, é que um número cada vez maior de pessoas começa a vislumbrar as finíssimas linhas que impulsionam os bonecos inanimados nos cenários de sempre - de séculos e séculos -; e está mais interessada nos bastidores do que nos palhaços de sempre e suas gargalhadas antiquíssimas - e chatérrimas.
Não que algum dia haverá almoços grátis - em sistemas fechados, como o nosso escancaradamente infinito universo - nada se perde, mas também, nada se cria; tudo se esgota, no momento mesmo em que se transforma em outra coisa - e, portanto, os custos são crescentes -, mas no que diz respeito a este planeta, está passando da hora de pensar em dividir a conta.
Sabe como é, aquela hora em que os muito espertos começam a sair de fininho.
Que a nossa vida - e a vida como a conhecemos -, é um interminável toma - lá - dá - cá, não se discute, isto é da natureza mesma das coisas - como as conhecemos -, o que não se faz mais possível é contar com a ingenuidade de bilhões. Ou os bilhões da ingenuidade.