Um sistema político pensado para perpetuar as oligarquias, burocratas, e mais recentemente, os movimentos sociais cansativos de sempre, que se preze, fará tudo - mas tudo mesmo -, para manter-se. Perpetuar-se é sua razão de existir.
Viver à custa do erário - é, de fato, no tudo e por tudo, o que importa.
Não se pensa no ridículo, por exemplo, de se aliar a bandidos reconhecidamente notórios - que até o menos informado dos eleitores reconhece como bandidos notórios.
Não se enxerga o absurdo de se abarcar sob a mesma coligação apenas os mais imediatos dos interesses fisiológicos - escancaradamente, em nome de tempo de propaganda - a propaganda vazia e cansativa de sempre.
De original, mesmo, só o renovado e renovado e renovado interesse em viver à custa do erário - tudo o que importa.
Grupos políticos que chegaram, um dia, a ter o respeito dos eleitores, vistos como paradigmas da dignidade, arrastados todos - todos - ao mesmo hediondo lamaçal da corrupção desenfreada, enlouquecida, que dominou todo - todo - o país, veem-se, aí, de mãos dadas com tudo quanto há - e que pode haver - de mais canhestro, no mais canhestro dos terceiros mundos; sorridentes e tomando cafezinho; conduzindo as mais canhestras das naus à deriva.
Verdadeiras arcas, onde dá de tudo, ou melhor, onde se tira de tudo.
E, como já foi dito, se puxar uma pena, vem galinheiros e galinheiros e galinheiros, a perder a conta.
E todo mundo acreditando em Papai Noel, e crente que o eleitor ainda acredita em Papai Noel.
Eu, contudo, tenho para mim, que, sem dúvida alguma haverá dilúvio nesta terra - e talvez chova canivete, inclusive -, mas essas arcas mal-arranjadas, mal-ajambradas, vão dar com os burros n’ água - sem trocadilho.
Os eleitores perderam a fé.
E, desconfiadíssimos, começam a pensar no todo; pode reparar, em qualquer boteco hoje em dia se discute as assombrosas filas do SUS, o desempenho das escolas públicas e seus absurdos salários baixos, o asfalto ruim, estradas ruins, preços altos, dólar alto, e, o mais importante: todo mundo sabe exatamente qual é a origem dos problemas.
Mas isto tudo parece ser inovação demais para quem apenas sabe viver do erário - apenas o que importa -, e simplesmente, não é capaz de conceber uma sociedade com indivíduos verdadeiramente autônomos e não teleguiados por imposições desairosas do grande capital ou aculturação desairosa de ideologias sociais furadas.
E é como eu disse, vão dar com os burros n’ água - sem trocadilho -, mais cedo ou mais tarde; tratando-se de Brasil, muito provavelmente, mais tarde.