W. A. Cuin
“Quantos homens tombam por suas próprias faltas! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!” (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo V – item 4 –Allan Kardec)
Lamenta o homem na Terra, as dores que o incomodam, no entanto, raramente observa a origem desses males.
Uns gritam ante a saudade que os atormentam, outros choram as doenças que os flagelam, não raro encontramos quem deteste a vida que leva, entendendo que a existência flui no seio de conflitos. Deparamos também com aqueles que de tudo reclamam, não admitindo que mourejam no mundo íntimo que construíram para si mesmos.
Assim, uns mais inconformados, outros menos, vamos viajando no comboio da reencarnação, deixando um rastro de insatisfação e descontentamento.
Poucos, pouquíssimos mesmo, dedicam algum tempo à reflexão, buscando encontrar as causas que desencadearam tais efeitos. Com frequência, por comodismo ou falta de coragem, ao invés de conhecermos a nós mesmos, preferimos buscar nos outros os motivos das nossas mazelas e agruras.
A ciência já ensinou: causa boa reflete efeito bom; causa ruim redunda em efeito da mesma natureza.
Então, se sofre o homem no mundo e tendo ele a liberdade de agir, obviamente não pode ter usado com acerto e proveito a liberdade que tem ou teve.
Melhor então, antes de reclamar, agredir, criticar ou lamentar fazer observações, objetivando identificar onde errou, e, se não encontrar a causa na vida presente, no momento certo a identificará nas vidas pretéritas, mas, incontestavelmente, a encontrará.
Sendo Deus justo e bom, não estaria, caprichosamente, distribuindo alegrias a uns e infelicidade a outros, atenções a uns e descaso a outros. Em verdade, somos os únicos culpados pelo nosso sofrimento. A Providência Divina, em todo o seu contexto de sabedoria, amor e lógica, respeitando integralmente o livre arbítrio de cada um, sem negar auxílio, permite que recolhamos os reflexos de cada ação praticada, objetivando o nosso amadurecimento espiritual.
Quando admitimos que somos vítimas inocentes dos outros ou das leis da vida, automaticamente estamos afirmando que a Justiça Divina não funciona, portanto nos rebelamos, mesmo que de forma inconsciente, contra Deus.
Por isso, com urgência, é preciso pensar, uma vez que geralmente atribuímos aos outros a nossa culpa, nossa invigilância e a nossa insensatez.
Exemplificando, podemos entender que aquele que dirige um veículo em velocidade excessiva, não pode reclamar de Deus ante o acidente sofrido; o alcoólatra quando acometido de cirrose hepática deverá admitir que a culpa é exclusivamente sua; o fumante diante do câncer de pulmão não pode afirmar que a Providência Divina o abandonou; o colérico, o mau humorado, o insatisfeito, o violento e o revoltado terão suas emoções destrambelhadas por própria deliberação e assim por diante.
Então, muito melhor que se indispor contra todos e tudo será observar atentamente como vivemos, para descobrir onde situam as causas que estão gerando os nossos males e, incontestavelmente procurar corrigi-las... ou continuaremos nossa romaria de dores e decepções.
Reflitamos...