Tábata Amaral é uma jovem de 24 anos que estudou durante oito anos em escola pública, na periferia paulistana. É uma típica jovem paulista do extremo sul da megalópole. O pai morreu aos 39 anos, vítima de drogas ilícitas e de álcool, droga tolerada. A mãe, diarista e vendedora de produtos, no “empreendedorismo” tupiniquim, que é a insuficiência da remuneração aos não qualificados.
Essa jovem participou de Olimpíada de Matemática, aprendeu inglês por autodidatismo e se candidatou a uma bolsa em Harvard. Foi aprovada, nem tanto por sua proficiência, mas pela sua história pessoal. Estudou astrofísica e depois se endereçou para a Ciência Política, na certeza de que o problema da educação no Brasil é, primeiramente, uma questão política.
Voltou e atua na formação de lideranças jovens que, em lugar de votar em branco ou anular o voto, o que só favorece aquele que não tem nada a perder na política partidária, elejam o menos pior e depois fiscalizem o eleito.
Acredita em pequenos gestos, como o pobre município sergipano onde o Prefeito se viu forçado a não nomear Diretor de escola à base do favoritismo, porém aceitar indicação da comunidade escolar.
Essa deve ser a missão de quem conserva a lucidez nesta quadra triste da História do Brasil. Políticos desqualificados, descrença generalizada e a percepção de que nada muda, é sempre mais do mesmo.
As redes sociais não devem servir apenas para a divulgação das “fake News”, nem para convocação de mobilizações que são performances, happenings que dão uma notícia na mídia e logo se dissolvem. Tábata acredita em “organizing”. Formar grupos coesos que amem o Brasil, ao contrário da maior parte – não a totalidade, felizmente – dos políticos profissionais.
Uma Democracia Participativa só se faz com participação. Convencer os jovens que desde os 16 anos já podem votar, a distinguir o lobo do cordeiro. A cobrar, a exigir, a fiscalizar, a denunciar, a detonar. Jovens que podem atuar no sentido de dotar a incipiente e fragílima situação da Democracia Brasileira a implementar outros institutos que a fortaleçam, como o veto popular e o “recall”. As eleições estão aí! Todo cuidado é pouco. O Brasil não suporta mais conviver com a desfaçatez, o deboche, o acinte que sequer a Lava Jato consegue tolerar. Precisamos de mais Tábatas para nos incentivar. E elas existem!