José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente universitário, palestrante e conferencista.
A criança precisa ser treinada desde cedo a se tornar uma “cidadã digital” com redução dos riscos a que estaria sujeita sem essa peculiar educação. Quanto mais cedo ela aprender a não praticar violência online, ela também se tornará mais resistente a ser vítima de violência. Mas também a ter autocontrole para não ficar dependente e agir com responsabilidade nas redes sociais.
Existe um instituto de educação digital que é presidido pela coreana Yuhyun Park, formada na Universidade de Harvard e chamado DQ Institute. Para ela, as competências digitais devem estar nos currículos das escolas de todos os países e desde os anos iniciais.
Não é suficiente impor horário para uso do celular, como alguns pais já fazem. Pesquisas mostram que mais da metade das crianças de 8 a 12 anos no mudo estão expostas aos riscos do mundo digital. Dentre eles, a exposição à pornografia, a conteúdos violentos ou a vícios em jogos. Quando as crianças têm seu próprio celular – e isso está virando moda até mesmo entre estamentos hipossuficientes – esse risco aumenta em 20%.
A criança do século XXI tem de ter inteligência digital, conjunto de competências para lidar com o mundo das redes. Para isso, devem ser educados de forma completamente diversa da qual o foram até hoje. A educação digital é uma ferramenta pedagógica, apta a ensinar, cientificamente, como limitar o tempo na frente das telas. É suficiente mostrar o quanto isso afeta o cérebro, o corpo ou as habilidades cognitivas.
O bullying foi potencializado pelas redes, pois aquilo que poderia permanecer num círculo restrito, até íntimo, entre algoz e vítima, em geral viraliza e ganha dimensão incrível. A criança precisa saber que ao inserir algo na internet, isso permanecerá lá para sempre. É o passado virando presente e atormentando pessoas que nem sempre conseguem escapar da depressão, do estresse e até do suicídio.
Para a especialista, a criança não deve frequentar as redes sociais pois é ingênua e está vulnerável à ação nefasta de adultos perversos e até portadores de taras. Há tempo para mergulhar nesse mundo sem volta. Mas o cuidado quem tem de tomar é a família. Pais e mães, ou responsáveis, devem ser francos. Sem impedir que a cidadania digital se instale por todo o globo. Esse encontro é inevitável.