Pessoas aprisionadas em cargos, status, institucionalizados, vivem a experiência cotidiana do apequenamento de sua sensibilidade.
Vinculadas à praxe das aparências e de todo o teatro que elas envolvem, cultivam dia a dia seu inferno particular, sua realidade mais que alternativa, que insistem em definir como a realidade do mundo e para a qual tentam arrastar os demais.
A generalidade das pessoas, sem tempo sequer para ponderar a respeito, embarca na loucura alheia, apequenando também suas vidas em prol de um aparato qualquer que se faz maior então que as próprias pessoas e suas sensibilidades.
Vive-se, assim, em função da ideia desvirtuada de que é o poder institucionalizado apanágio de toda sorte.
E é mesmo, de toda sorte de neuróticos. Pessoas doentes mesmo, engendrando seu mundo doente na vida dos demais.
Não é à toa que o poder enfeia as pessoas; elas se afastam da sanidade no exato momento em que passam a acreditar que representam o ápice da criação e mantêm-se nesse estado esquizofrênico a cada gesto, a cada palavra.
Comem, dormem, vivem dessa alucinação.
Como não há como discutir com o ápice da criação, resta apenas desenvolver a arte de falar o que o ser iluminado quer ouvir.
Uma grande e difícil arte: a primeira lição é aprender a ficar calado e concordar. Com tudo.
E é apenas assim que todos conseguem ficar felizes: o iluminado porque não encontra resistência à sua inteligência superior, e você, que finalmente aprendeu a enxergar através dos encouraçados alheios e se diverte manipulando as sombrias cordas que mantêm de pé essas pessoas verdadeiramente frágeis, incapazes de olharem para dentro de si mesmas ou para o extremo ridículo de seu comportamento.
No interesse de quem mesmo?
Pois é. Chega-se, agora, ao século XXI, em que não existe mais espaços quaisquer para máscaras; ninguém está mais nem aí para pompas e circunstâncias - ou o que quer que seja institucionalizado, que não seja antecedido do mais amplo e irrestrito conhecimento público; da mais ampla e irrestrita consulta pública.
Todos estão andando para poderosos e seu status quo.
Olhe no WhatsApp.
O povo quer é saber de si. E é agora.
Porque, até agora, sacrificou-se o desenvolvimento humano, a fala humana, em nome do que mesmo? Por quê mesmo?