Desde há muito tempo a democracia brasileira vem sendo alvo de ataques praticados das mais diversas formas, mas todos com o mesmo objetivo, o de atingir a ânsia do poder, um fato que se estende mesmo antes de Cristo, onde a conquista sempre tem seu preço, por sinal, dependendo da circunstância, um preço relativamente alto.
Em um país democrático, as eleições são o grande momento da participação popular, quando o cidadão exerce o direito de escolher seus governantes e legisladores. Entretanto, há quem conteste sua base, as desigualdades de poder de competição entre os que lançam seus nomes como candidatos, os financiamentos das campanhas e até mesmo o processo de apuração.
Quanto aos debates, são considerados de uma forma natural, porém, o que prevalece mesmo é o desejo de permanência do nosso direito de escolher por meio do voto nossos líderes e os futuros parlamentares, por sinal, um direito líquido e inquestionável.
Na última quinta-feira, dia 06 do mês em curso, o ataque à democracia veio carregado de violência e quase custa a vida do candidato à presidência da República Jair Bolsonaro, porém, a população apura os fatos para afirmar com exatidão os motivos que levaram o autor do atentado contra o aspirante ao Palácio do Planalto.
A certeza pura e cristalina que existe até o momento é a perplexidade com que os brasileiros acompanharam o caso desde o início com as imagens do candidato ferido em meio à multidão que circundava em torno de Bolsonaro, dando-lhe apoio e sustentação à sua vontade de ser presidente da República.
Este fato faz lembrar o atentado contra o jornalista e político Carlos Lacerda, sendo atingido em um dos pés, através de um esquema para eliminá-lo e que culminou com a morte do major Rubens Florentino Vaz, que estava ao lado do amigo, protegendo-o, enquanto parlamentavam à rua Toneleros, no Rio de Janeiro.
Confirma-se com esse episódio a violência que existia naquela época, onde as paixões eram desenfreadas em favor de uma facção partidária que envolvia seu maior líder. No caso, o ex-presidente Getúlio Dorneles Vargas, traído pela confiança que depositava no chefe da guarda pessoal Gregório Fortunato.
Além da preocupação de recuperação do candidato ferido, divergências devem ser deixadas de lado, pois estamos tratando de uma vida e nada justifica a violência e nem reações, sejam quais forem contra a vítima, que foi surpreendida em um momento em que todos os participantes da visita de Bolsonaro se confraternizavam em prol do candidato à presidência da República.
O caso despertou a atenção do próprio presidente do Tribunal Superior Eleitoral Gilmar Mendes, condenando com muita veemência o ocorrido, dando respaldo à necessidade de convocar tropas Federais em todos os locais onde a violência possa tomar dimensão.
Além do pronunciamento do presidente do TSE, o caso desperta também a atenção sobre as conseqüências de ataque na campanha eleitoral, onde cada grupo político deverá tirar conclusões da situação, procurando cuidados especiais à vista de surpresas que poderão advir, pois o momento exige cautela no andamento da referida campanha.
Os enfrentamentos políticos devem ser no campo das ideias e, assim sendo, todos os brasileiros que preenchem as condições para ser candidatos têm esse direito, assim também o de defender suas ideias, pois é uma característica da democracia, assim como a tolerância a pensamentos divergentes.
A escolha cabe ao eleitor e a vontade da maioria também precisa ser respeitada. Felizmente, já vai longe o tempo em que as execuções contratadas ou até mesmo praticadas por adversários políticos eram manchetes durante as campanhas e, como brasileiros, temos o dever de zelar para que esses fatos permaneçam somente no passado.
Que esse seja um fato isolado e sirva de base para que a campanha possa ser retomada e transcorrida de uma forma tranquila e serena.