O professor João Adalberto Guimarães, brasileiro, em intercâmbio na Europa, entrou em uma estação de metrô em Estocolmo, capital da Suécia. Ele notou que havia, entre muitas catracas normais e comuns, uma de passagem grátis, livre.
Então, questionou à vendedora de bilhetes o porquê daquela catraca permanentemente liberada, sem nenhuma segurança por perto. Ela explicou: “Aquela catraca é destinada às pessoas que, por qualquer motivo, não tenham dinheiro para comprar o bilhete”.
“E se a pessoa tiver dinheiro, mas simplesmente não quiser pagar?”, indagou o brasileiro.
“Mas por que essa pessoa faria isso?”, respondeu e ao mesmo tempo indagou a vendedora.
A vendedora de bilhetes, ao fazer essa pergunta, certamente achou que ninguém - pelo menos em seu país - faria aquilo. Seria um absurdo, na visão dela, alguém que, tendo dinheiro, passasse na catraca reservada apenas para o uso de pessoas ocasionalmente sem numerário para pagar o bilhete de passagem.
Esse fato, presenciado e relatado pelo professor brasileiro, aconteceu em Estocolmo, capital da Suécia, cujos padrões morais colocam-na em situação de indiscutível relevo no mundo civilizado.
Será que no Brasil - cabe a indagação - poderia ser colocada uma catraca grátis entre as catracas normais, em uma estação de metrô, e ela somente seria usada por pessoas que, por qualquer motivo, não tivessem dinheiro para comprar o bilhete?
Infelizmente, muitas pessoas abusariam e, mesmo tendo recursos para pagar a passagem, usariam a catraca livre para levar vantagem, dentro daquele princípio aceito por aqueles que acham ser “bobo” quem não aproveita as oportunidades de “levar vantagem”, mesmo a custo de prejudicar o próximo.
Na realidade, nos dias atuais, são muitas as pessoas que usam e abusam das oportunidades de enganar as outras, visando a ganhos ilegais e imorais.
Para que as pessoas tenham no dia a dia um comportamento correto nas suas atividades, é fundamental terem na sua formação, desde crianças, os ensinamentos morais, éticos e religiosos de respeito e amor ao próximo. Essa formação de caráter tem de ser transmitida - conforme insisto sempre em meus artigos e em pronunciamentos na Alesp - nas famílias, nas escolas e nas igrejas.
Quem receber esses ensinamentos de amor e respeito às pessoas terá sempre, mesmo quando não estiver sendo visto e fiscalizado, procedimentos corretos e justos.
Hoje, infelizmente, no Brasil o princípio de levar vantagem custe o que custar, mesmo significando não respeitar as leis e os princípios morais, está sendo muito frequente em todos os segmentos da nossa sociedade. Isso acontece, claro, porque não estamos reagindo.
Cabe-nos, pois, batalhar - antes que seja tarde demais - para melhorar e aprimorar os ensinamentos morais e éticos nas escolas, nas famílias e onde quer possamos exercer qualquer tipo de influência positiva.