A comemoração dos fiéis falecidos, a 2 de novembro, teve origem no mosteiro beneditino de Cluny, através do abade santo Odilon em 998. Em toda parte, já se celebrava a festa de todos os santos e no dia seguinte era dedicado à memória dos fiéis falecidos. Mas o fato de que milhares de mosteiros beneditinos dependessem de Cluny favoreceu a ampla difusão da comemoração em muitas partes da Europa setentrional. Depois também em Roma, em 1211, foi sancionada oficialmente a memória dos falecidos.
O Papa Bento XV, no tempo da primeira guerra mundial, concedeu a todos os sacerdotes a faculdade de celebrar “três missas” neste dia. Nos ritos fúnebres para seus filhos, celebra a Igreja com fé o Mistério pascal, na firme esperança de que os que se tornaram, pelo batismo, membros de Cristo morto e ressuscitado, passem com ele através da morte à vida.
Em nossa vida nunca temos o suficiente; vivemos voltados para um contínuo “amanhã”, do qual esperamos sempre “mais”: mais amor, mais felicidade, mais bem-estar. Vivemos impelidos pela esperança. Mas no fundo dessa nossa dinâmica de vida e esperança se oculta, sempre à espreita, o pensamento da morte; um pensamento ao qual não nos habituamos e que queremos expulsar. No entanto, a morte é a companheira de toda nossa existência. Despedidas e doenças, dores e desilusões são dela sinais a nos advertir.
A morte permanece para o homem um mistério profundo. Mas, para o cristão, a morte não é o resultado de uma luta trágica que se deva afrontar com frieza e cinismo. Não é um momento no fim do seu caminho terreno, um ponto isolado do resto da vida. A vida terrena é preparação para a do céu, nela estamos como criancinhas no seio materno: nossa vida na terra é um período de formação, de luta, de primeiras opções. Ao morrer, o homem se encontrará diante de tudo o que constitui o objeto das suas aspirações mais profundas: encontrar-se á diante de Cristo e será a opção definitiva, construída por todas as opções parciais desta terra. Cristo espera eternamente com os braços abertos todos os homens.
A oração pelos mortos é uma tradição da Igreja. De fato, subsiste no homem, também quando morre em estado de graça, muita imperfeição, muita coisa a ser mudada, purificada do antigo egoísmo. Tudo isso acontece na morte. Morrer significa morrer também ao mal. É o batismo de morte com Cristo, no qual encontra acabamento o batismo de água. Esta oração, constitui também, manifestação fraterna da nossa solicitude cristã pelos que morreram, e do nosso reconhecimento. O sacrifício de Cristo, que obtém a salvação, abre a eles e a nós a vida eterna.