O “Brasil dos jovens” tem prazo de validade. Expira aos poucos para ser sucedido pelo “Brasil dos velhos”.
O eufemismo da “melhor idade”, da “geração experiente” da “juventude há mais tempo” não consegue disfarçar que a velhice carrega uma série de desconfortos. Perda de memória, de agilidade, de força, de vontade. Acompanhada de enfermidades senis, tributo que se cobra a quem não morreu no caminho.
Ainda assim, a alternativa a ficar idoso é ruim: é a morte. Por isso, quem tem sorte de viver com qualidade de vida, valorize essa dádiva.
O IBGE chegou à conclusão de que em 2060, um em cada quatro brasileiros será idoso. Ocorre que tanto as crianças com menos de catorze anos como os maduros, com mais de sessenta e cinco, serão quase metade dos brasileiros.
Lá por 2047, chegaremos ao ápice em termos de habitantes> serão 233,23 milhões. A partir daí, a curva é descendente. Em 2060, serão 228,28 milhões.
Não se pense que governo tem condições de projetar o que será a vida de quem durar até lá. Governo pensa em eleição. O timing do político profissional brasileiro é curtíssimo. Só interessa aquilo que reverter em voto. O mais, é missão da academia, da lucidez e do apostolado.
As mulheres continuarão em maioria e isso é bom. Ainda se pode confiar mais nelas para o zelo e devotamento de que os anciãos necessitarão. E a educação, obrigação da família, do Estado e da sociedade, terá de cuidar de formação de cuidadores. Não apenas aqueles que zelarão pelo bem-estar físico do velho, mas também os que se preocuparão com sua mente. O idoso, quando só, fica saudoso, nostálgico, melancólico. De mal com a vida. As pessoas que ele mais amou desapareceram. Os jovens não ligam para ele. Passa a uma espécie de limbo que as “casas de repouso” não resolvem.
Quem se propuser a desenvolver uma estratégia de cuidados especiais aos anciãos, fazendo com que a vida deles seja integrada à dos demais, que eles tenham condições de transmitir experiências, participar de diversões, exercitarem-se mental e fisicamente, ganhará dinheiro.
O principal seria inventar quem se dispusesse a ouvir o velho, sem dizer que ele já contou aquilo milhares de vezes. Com simpatia, paciência e, se possível, afeição. E que não seja robô, porque o idoso é velho, mas não é bobo!