Tendo em vista uma nova discussão que ocorreu na semana que se findou, no que concerne ao anúncio feito por Cuba de que irá retirar os profissionais que atuam no Programa Mais Médicos, muitos tentaram distorcer os fatos, mas a realidade é outra e que não há como inverter o quadro em questão.
Os médicos cubanos não estão sendo expulsos do Brasil, absolutamente, muito ao contrário, quem tomou a resolução da retirada deles de nosso país foi o governo cubano por não aceitar as novas condições propostas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. Condições que, certamente, visam o bem-estar dos pacientes atendidos na rede pública e dos próprios profissionais.
Ao anunciar que exigiria que os profissionais se submetessem a revalidar o exame que comprova a capacidade profissional dos formados para exercer a medicina, o presidente eleito toma uma medida até certo ponto prudente, onde demonstra sua preocupação com a saúde da população brasileira.
Fica sempre a dúvida de que os profissionais que vão atuar na rede pública estejam realmente capacitados para assistir os que deles necessitam, à vista dos problemas que afetam a saúde e que se torna um risco a esse paciente, dependendo da situação e do estágio em que se encontra seu quadro clínico.
É evidente que não existe nenhum exagero ao exigir teste de capacidade profissional dos médicos cubanos, já que os estudantes que se formam em medicina, entende-se que não poderão exercer esta atividade sem experiência e estágios adequados para o desempenho fiel dessa árdua missão de lidar com vidas humanas.
Bolsonaro, além da iniciativa que comentamos no início desse comentário, propôs mudança na forma de pagamento aos médicos, permitindo que eles fiquem com o valor integral de seus salários, o que é plausível como uma das fórmulas justas em prol dos médicos cubanos.
Por outro lado, é sabido que os profissionais cubanos recebem apenas uma parte bem menos dos vencimentos, sendo que a maior fatia vai para suprir as necessidades do regime do governo cubano, um fato estranho e que não condiz com os bons princípios, deixando que o salário integral seja destinado a quem presta serviço e que depende dele para a sua sobrevivência.
Outra medida do presidente eleito e que não deixa de ser um feito notável é a possibilidade de os médicos trazerem suas famílias para a vivência no Brasil, consolidando-se dessa forma um relacionamento estreito entre brasileiros e cubanos, já que nunca houve conflito entre os dois governos, mesmo com a ditadura imposta ao governo de Cuba.
Entretanto, com a recusa da oferta, o governo de Cuba determinou que os profissionais retornassem ao país de origem e, nessas condições, o governo cubano deu uma demonstração de autoridade e poder, sem se preocupar com possíveis problemas com o retorno desses profissionais ao país a que pertencem.
Com essa resolução do governo cubano, fica a preocupação de como o governo brasileiro irá conseguir alternativas suficientes para preencher as vagas deixadas pelos cubanos, já que os pacientes, aqueles que têm necessidade de assistência médica em caráter de urgência, não poderão suportar uma demanda de meses ou anos para serem atendidos, um fato que pesa na balança essa necessidade.
Se existe recusa de muitos profissionais em atuar em áreas distantes e carentes, uma das medidas lógicas seria recrutar os recém-formados nas faculdades públicas como início de experiência no exercício da medicina, pois iriam contribuir para amenizar o sofrimento daqueles que não possuem as mínimas condições de recorrer a médico particular. Seria uma das alternativas para suprir a falta de médicos experientes.
Além do que relatamos até aqui, ressalte-se que está havendo incentivo, conforme já dissemos, de os médicos cubanos fixarem residência no Brasil, trazendo seus familiares e desfrutando o que temos de bom aqui, além de outras vantagens que o Brasil poderá lhes assegurar, estabelecendo um bom diálogo entre os dois países.
Afinal, ninguém falou em expulsão. Se forem aprovados no exame de qualificação profissional, entendemos que poderão exercer normalmente suas atividades no exercício da medicina, pelo menos é o que se espera do governo brasileiro.