Escola Estadual Quilombola Maria Antônia Chules, no Vale do Ribeira; Escola Estadual Aldeia Indígena Tekoa-Porã, em Itaporanga; Escola Estadual Arthur Ribeiro, no Pontal do Paranapanema; e Escola Estadual Rodrigues Alves, na Avenida Paulista, em um dos metros quadrados mais caros da América do Sul. Ao assumir a educação, deparei-me com essa diversidade e gigantismo que só a rede estadual de São Paulo possui. E como fazer educação com tantas adversidades? Eu tenho a resposta: com diálogo. Nada o substitui.
Por determinação do governador Márcio França, assim que assumi a Secretaria da Educação não fiquei sentado no gabinete. Em 70 dias, a equipe de coordenadores desta pasta e eu percorremos todo o Estado e nos reunimos com mais de 15 mil pessoas. Fizemos 15 encontros, as “reuniões de polo”, que contemplam as 91 diretorias regionais de ensino, núcleos ligados à secretaria.
Começávamos as conversas às 8h da manhã e terminávamos às 8h da noite. Dialogamos com as lideranças políticas, sindicatos, grêmios estudantis e servidores da educação. Com eles, senti que valorizar e investir é importante, mas a percepção que se destacou foi a da falta de confiança na capacidade do Estado em prover o que é preciso.
A partir daí criamos um pacote de ações para atender às demandas imediatas da rede paulista, com investimento estimado de R$ 430 milhões, que inclui a nomeação de mais de 2.000 professores e 800 servidores de apoio e conseguimos autorização para um novo concurso com 15 mil vagas para o magistério.
Aprovamos na Assembleia o projeto de lei para a redução da quarentena para contratação de docentes temporários. Também retomamos as provas de promoção e progressão da carreira.
Em parceria com as Prefeituras, ampliamos a formação de professores com mais de 600 municípios. Priorizamos também a primeira infância, inaugurando 47 novas unidades do Programa Creche Escola, para mais de 7.000 crianças. E deixaremos pronto, para implementar a partir de 2019, o novo Currículo Paulista, construído de forma participativa e que atenderá a etapa do ensino fundamental de toda a educação do Estado.
Para os estudantes, nosso principal propósito, iniciamos o Programa Cultura Ensina, que levou cerca de 150 mil alunos a teatros e museus. E criamos o Orçamento Participativo Jovem. É a primeira vez na história de São Paulo que o governo coloca R$ 25 milhões nas mãos dos grêmios estudantis para que eles decidam onde investir dentro da escola. Cada projeto recebeu R$ 5 mil, e os resultados são inspiradores.
Porém, logo no início da minha gestão, quando anunciei que os jovens participariam da deliberação do orçamento, especialistas ligados à educação trataram pais e alunos – e até professores – como ignorantes. Há muita gente que tem horror a dar poder de decisão a esses três grupos, que, sim, são quem mais entende de educação.
É evidente que empoderar não é sinônimo de dar apenas o dinheiro. É dar voz. E essa decisão, na área da educação, precisa ser dividida entre o poder público e as famílias. Ao Estado cabem inúmeras responsabilidades, e fugir delas deve ser impensável a quem ocupa um cargo no Executivo. No entanto, tutelar pessoas, como se elas não soubessem o que é melhor para si ou seus filhos, com decisões de dentro de gabinetes, beira a insensatez.
Encerrando o ano, conseguimos antecipar pela primeira vez na história a divulgação dos resultados do Saresp, avaliação que mostra a evolução dos nossos alunos nas três etapas de ensino. Foi o maior avanço do ensino médio nos últimos três anos. Uma conquista enorme, mas precisamos ir mais longe. O modelo tradicional de uma escola formatada, pronta, já não faz sentido para as crianças e jovens, para os professores, para as famílias. É hora de unir boas ideias e bons exemplos já concretizados sobre os anseios de quem diariamente pisa o chão da escola. É o momento de o futuro ser decidido por todos.