A salvação prometida por Deus aos homens em suas mensagens aos patriarcas e profetas, torna-se realidade concreta na vinda de Jesus o salvador. O eterno Filho de Deus, feito homem, é a mensagem conclusiva de Deus aos homens: ele é aquele que salva. O nascimento histórico de Jesus em Belém é o sinal de nosso misterioso nascimento para a vida divina. O Filho de Deus se fez homem para que os homens se pudessem tornar filhos de Deus. Este nascimento é o início de nossa salvação, que se completará pela morte e ressurreição de Jesus. No pano de fundo do Natal já se entrevê o mistério da Páscoa. O tempo do Natal deve ajudar-nos a descobrir em Jesus Cristo a divindade de nosso irmão e a humanidade de nosso Deus. Enquanto nos faz participantes de Deus, que se manifestou em Jesus, a celebração do Natal abre-nos à solidariedade profunda com todos os homens.
Na expressão ousada dos Santos Padres, Jesus é o Deus que se faz homem, para que o homem se torne Deus. Um Salvador que vem para todos, mas especialmente para os pequenos e humildes, por isso, são uns pastores os primeiros a encontra-lo. Um salvador que nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver com equilíbrio, justiça e piedade neste mundo. O mundo não se salvará por meio das obras extraordinárias e grandiosas dos homens, mas pela presença e a transparência de Deus na vida dos cristãos. O homem é redimido pelo amor de Deus. Quando alguém experimenta um grande amor, conhece um momento de redenção, que dá um sentido novo à sua vida. É preciso aprender com aquele que é a própria vida: esse Deus que desce até nós para ser nosso companheiro de vida.
É esta a graça que devemos pedir neste tempo de Natal: conhecer mais profundamente o mistério de Cristo para conhecer melhor a identidade profunda do homem. “Quem segue a Cristo, homem perfeito, torna-se também mais homem” (Gaudium et Spes). Quem procura sinceramente a Deus, não precisa inventar nem especular nada: está ali naquele rosto de Jesus de Nazaré. Mas olhando aquele rosto divino descobrimos também os traços divinos que existem em cada um de nós. Natal é a festa do homem quando é vivido como festa de Deus.
Peçamos a este Menino divino, com coração humilde e simples, que nos conceda o dom de uma fé, de uma esperança e de um amor tão vivos, tão profundos que este Natal fique para sempre gravado em nossa memória e em nosso coração.