W. A. Cuin
“Muito se pedirá àquele a quem tiver muito dado, e se fará prestar maiores contas àqueles a quem tiver confiado mais coisas”. (Jesus-Lucas, cap. XII, v. 48).
Somos todos filhos do mesmo Pai e dentro do universo, onde existem muitas moradas, fazemos parte da mesma família, portando não há lógica alguma ou motivo qualquer, que justifique a volúpia desenfreada dos seres humanos, onde uns querem sempre mais que os outros, a qualquer preço.
No âmbito do amor, da sabedoria e da justiça divina, as oportunidades e os mecanismos de progresso estão à disposição de todos. No entanto, para compreendermos, com profundidade, como funciona a legislação de Deus, obviamente, precisamos entender que a vida existe em todos os quadrantes do universo e que somos criaturas eternas, que ocupamos corpos materiais em múltiplas existências na Terra ou fora dela.
Em realidade, nascer e morrer, fisicamente, significa usufruir de uma pequena parcela da nossa vida definitiva e imortal. A vida verdadeira é a espiritual.
Observando a nossa vida por esse óbvio ângulo de visão, não será possível compreender como alguém pode querer ser maior, melhor ou superior ao outro, baseando suas conquistas e realizações sobre a dor e as aflições do próximo, pois que é da lei que cada um colherá da semente que plantou.
O descuidado que plantar o mal, sem sombra de dúvida, pode preparar o celeiro para a certeira colheita de sofrimento que virá. Somos livres para deliberar e escolher e obrigados a recolher os reflexos decorrentes das nossas ações. Será sempre oportuno pensar sobre isso.
Assim, quem sabe mais, tem o dever de auxiliar aquele que sabe menos, ao invés de ludibriá-lo.
Quem tem grandes poderes, em qualquer área de ação, pense sempre em se colocar à disposição daqueles que são fracos e indecisos.
Quem consegue possuir boa visão no contexto das realizações sociais, procure encontrar meios e dispositivos que possam ajudar os irmãos que caminham confusos e inseguros.
Quem administra bem as qualidades da fala, verifique como auxiliar os tímidos, que muitas vezes, com medo e receio, perdem as oportunidades da vida por não conseguirem boa pronúncia.
Quem tem ouvidos saudáveis, imagine como servir a um amigo que precisa de um tempo para desabafar e falar dos seus dramas e conflitos.
Quem carrega ideais nobres no coração, saia a exemplificar para aqueles que, diante das dificuldades quotidianas, se apresentam vacilantes e temerosos.
Quem é forte fisicamente, procure encontrar uma forma de prestar socorro a uma infinidade de criaturas que estão impossibilitadas de qualquer exercício físico um pouco mais brusco.
Quem usufrui de boa saúde não olvide a quantidade daqueles que vivem recostados em leitos hospitalares ou carregam moléstias insidiosas e trabalhe por eles.
Quem já descobriu que as conquistas e o sucesso só chegam para os perseverantes, não vacile, empreenda esforços para informar a quem os observa que a coragem, a determinação e o ânimo são incondicionais parceiros das vitórias.
O maior, em qualquer circunstância, deverá sempre amparar e proteger o menor. Fazer diferente disso, até por uma questão de inteligência e bom senso, será assinar um atestado de invigilância, descaso e irresponsabilidade, corroborado pelo egoísmo e pelo orgulho, essas chagas terríveis que tantos problemas já causaram a humanidade. Então, o tempo se encarregará dos dolorosos ajustes...
Reflitamos...