Aos dois anos de idade iniciei minha carreira de professor. Felizmente até hoje não consigo deixar de ter essa mania de ensinar e aprender. Nasci para fazer isso. Meus pais foram meus primeiros alunos. Eu os ensinei que eu já sabia muito mais do que eles pudessem imaginar que eu soubesse. Todos os dias pregava-lhes uma surpresa com minhas travessuras e meus aprendizados.
É claro que fui aluno deles também, o que foi para mim uma honra. Infelizmente não tive tempo de agradecê-los. Hoje, meu grande prazer é ser aluno dos meus alunos. Que coisa sagrada é poder ensinar aprendendo. Num belíssimo poema o poeta Bráulio Bessa comenta: “Um guerreiro sem espada, sem faca, foice ou facão, armado só de amor, segurando um giz na mão. O livro é seu escudo, que lhe protege de tudo que possa lhe causar dor, por isso eu tenho dito, tenho fé e acredito, na força do professor”. Linda mensagem não? Para dizer a verdade eu amo ser professor, porque aprendo ensinando.
Digo mais, é necessário que o professor seja mestre porque a este o amor de ensinar não lhe falta. Mas nem por isso ele tenha que cursar o mestrado. Jesus Cristo foi Mestre e nem faculdade cursou! O professor é um artista nato que tem a santa missão de despertar nos alunos o conhecimento e a sabedoria necessária para que eles possam ser melhores ainda mais do que já o são.
Para dizer a verdade quando ouço alguém substituir meu nome e me chamar de professor eu fico lisonjeado. É o mais encantado sinônimo para o meu nome. Ainda nesta semana dois ex-alunos me chamaram de professor, me abraçaram e disseram: não se lembra de mim professor? Eu não me esqueci do senhor. Seus ensinamentos, suas ideias me deram chances de ser o que sou. Eu lhe agradeço muito. Parece que ambos combinaram em dizer com outras palavras a mesma coisa. Um está em São José dos Campos e o outro não me recordo o lugar.
O nome da gente pouco significa perto da grandiosidade da nossa tarefa de ensinar. Quando um aluno me diz: professor, o senhor pode me explicar isso? Com o maior carinho eu o atendo e procuro de todas as formas fazer com que ele compreenda de verdade o que não sabia. Disse-me um mestre, a quem devo a graça de ter mergulhado de corpo e alma nessa digna missão de ensinar: “para que uma pessoa possa receber ensinamentos não é preciso ter salas de aulas luxuosas, prédios, secretarias, nem mesmo diretorias. Basta que alguém queira aprender e que outro alguém se proponha a ensinar, pode ser mesmo à sombra de uma árvore.
Um aluno e um professor, nada mais que isso”. Nunca me esqueci dessas suas sábias palavras. A profissão tem seus percalços? Claro que tem. Qual delas não tem? Mas quem ama ensinar isso nada lhe custa e muito menos importa. “Afinal, nem toda lágrima é dor, nem toda graça é sorriso, nem toda curva na vida tem uma placa de aviso. E nem sempre o que você perde é de fato um prejuízo”. Ricas palavras do poeta. Que Deus nos abençoe sempre.