Sentado numa cadeira de balanço na varanda da simples e modesta moradia, o Avô observava seu neto a manusear folhas de um velho caderno que continha informações políticas e econômicas quase apagadas. O menino levanta os olhos e vê o Avô com extrema vontade de lhe transmitir sabedorias e lhe pergunta: Vô me explique melhor o que seja finanças. Cada pessoa pensa do seu jeito, não é Vô? Sim querido, mas você sabe que nós pensamos por meio de palavras também, não sabe? Nossa Vô, não tinha imaginado isso! Veja bem, disse o Avô: - se eu disser jabuticaba para você, o que passa na sua cabeça? Ora Vô, aquela frutinha preta que dava na jabuticabeira lá do fundo do quintal da casa do Vovô e da Vovó que eu sempre apanhava para a mamãe. Sim, respondeu o velho. Mas será que é só isso, meu neto? A geleia de jabuticaba com sorvete de creme.
Lembra? O licor que os seus pais tanto gostam. Viu quanta coisa está relacionada com a palavra jabuticaba? Veja bem meu neto, aprendi com o Dr. Gustavo Franco que a inteligência é uma palavra de origem italiana bastante significativa. Vô, quem é o Dr. Gustavo Franco? Continuou perguntando o garoto. É aquele senhor que morava naquela rua sem asfalto perto do jardim onde havia aquela figueira velha que mamãe me levava para eu brincar de bolinhas de gude? O Vovô rindo respondeu: - O Dr. Gustavo Franco é um dos grandes economistas liberais do Brasil. - E o que é um economista liberal, Vô? Que ótima pergunta você me fez querido netinho. Olha bem, economista liberal é o economista que pensa e age dentro dos princípios do liberalismo. Entendi Vô, mas me explique melhor o que é liberalismo. Tomemos um fôlego então, essa resposta é interessante, muito longa, mas nada que você não vá conseguir entender. No final do século XIX e princípio do século XX, este século foi o que o vovô nasceu, compreendeu? O Vovô nasceu em abril de 1.956 não foi? Sim, respondeu o avô, que linda memória você tem, meu querido. Nessa época o mundo estava dividido em três visões, o fascismo e seu irmão gêmeo nazismo; o comunismo junto com o intruso socialismo e o liberalismo com o seu principal ator, o capitalismo. Vô, minha cabeça embaralhou um pouco, me explique melhor isso.
Claro, te explico meu querido netinho, continuou o Avô - O fascismo/nazismo foi um regime de governo nacionalista autoritário que teve grande importância na Europa, principalmente na Itália no século XX e serviu de base para o nazismo na Alemanha. Ambos chegaram ao fim com a derrota do exército alemão e seus parceiros, Itália e Japão pelos exércitos dos países aliados na Segunda Grande Guerra Mundial. Nossa Vô, que complicado! - Quais os países aliados que derrotaram o exército alemão? O Avô responde ponderadamente e com palavras ditas de forma compassada - Os países aliados foram, principalmente, Reino Unido Britânico; os Estados Unidos da América do Norte; União Soviética, inclusive o Brasil. Continuou o Avô... - O comunismo/socialismo parte da ideia de que tudo é de todos, acabando assim com a propriedade privada, ou seja, todos seriam iguais, menos evidentemente os que estão no poder. Esses são sempre diferentes do seu povo. Para conseguir apoio de todos sempre usaram da força dizimando seu próprio povo. Isso aconteceu na União Soviética, na China, na Coreia do Norte, em Cuba.
O socialismo defende os mesmos princípios do comunismo, diferindo o modo de agir. Defende uma reforma gradual, são mais suaves. O socialismo populista, tão comum aqui na América do Sul, mata os mais fracos surrupiando os recursos do Estado que deveria ir para a educação, saúde, segurança etc. Da mesma forma que o comunismo, seus líderes levam uma vida sem sacrifícios e lambuzados com os recursos de seus ignorantes liderados. Quando acaba o dinheiro do Estado o socialismo acaba em seguida. O liberalismo/capitalismo foi o primeiro movimento político que almejou a promoção e o bem-estar de todos e não apenas de grupos especiais. Pensado no século XVIII e adotado primeiramente na Inglaterra e nos Estados Unidos esse tipo de sociedade defende a propriedade privada, os meios de produção, o livre comércio, e a liberdade de expressão que é chamada de capitalista e de capitalismo, a condição em que se encontra. Sempre criticada pela concentração de riqueza, mas que proporciona aos nossos contemporâneos padrão de vida jamais imaginados em outros tipos de sociedade. Infelizmente no Brasil nós nunca tivemos a oportunidade ou mesmo a coragem de sermos capitalistas.
No Brasil a chamada elite mandante sempre hostilizou os empresários, os empreendedores, os trabalhadores impondo dificuldades de toda sorte em forma de tributos, taxas, reserva de mercados, garantias trabalhistas que protegem quem está empregado e castiga os desempregados. Precisamos com urgência de um choque liberal ou continuaremos na rabeira dos países desenvolvidos. Que lição você me deu hoje de História, Política e Economia, hein Vô? Nossa! Aprendi muita coisa que não sei nem como falar aos meus amiguinhos para eles aprenderem também. Mas eu vou tentar falar com eles com essa mesma sabedoria que eu vi sair dos seus lábios Vô. Jamais vou esquecer essa aula que você me deu hoje. Eu percebi, enquanto você falava a doçura que é ouvir as pessoas que têm experiências. Muitas vezes na escola a gente não aprende tanto assim, né Vô? É sim, meu querido neto. Quanto mais leitura a gente fizer maior será a capacidade de entendermos o que se passa. Observe, meu querido, que a leitura no caso não precisa ser somente lida ela pode ser também ouvida.