Tantos são os problemas que a humanidade enfrenta neste século 21 da era cristã que nem todos merecem a devida atenção. Menos ainda, tentativas de equacionamento.
Um dos fenômenos evidentes no Brasil, é a proliferação de Partidos Políticos, de seitas religiosas e de farmácias. Quem se aventura pela periferia encontrará sempre três coisas: um boteco, uma sede de confissão religiosa e uma farmácia.
Lucrativo negócio esse de vender remédio. Há quem diga que a descoberta da cura para várias enfermidades só não é divulgada pela força da indústria farmacêutica.
E não precisaria ser assim. Pois a medicina indígena, ou popular, tem indicações para muitos dos males mais comuns de que padecem os humanos.
Isso não é “achismo”. O insuspeito Hospital Albert Einstein teve oportunidade de comprovar tal realidade. Uma enfermeira que pesquisava a saúde da população indígena no Amazonas enfrentava uma LER – lesão por esforço repetitivo nos braços havia cinco anos. A medicina convencional não resolvia suas dores. Mas uma das mulheres da aldeia passou na região dolorida uma resina chamada “breu branco”, extraída de uma árvore e misturada com urucum. Três dias depois a dor desapareceu e o efeito se prolongo por quatro meses.
Foi o que a pesquisadora do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Alberto Einstein, ligado ao hospital, constatou. Os remédios das farmácias são usados por 86,7% dos indígenas, mas aliviam apenas 22,2% das dores dos índios. Enquanto isso, os analgésicos locais, usados por 80% da população nativa, são eficazes em 64,5% dos casos.
Os remédios do mato são 75,6%, ao lado de rituais, banhos, rezas, veneno de sapo, picadas de formiga, cantos e fumaça. Da experiência resultou uma dissertação de Mestrado custeada pela FAPESP. Não é de hoje que se prega a necessidade de estabelecer diálogo consistente entre a medicina convencional e a indígena. Não pelos índios, mas por nós brancos. Não valorizamos nossa biodiversidade, nem o conhecimento dos verdadeiros “donos da terra”. Incrível como até pessoas letradas, escolarizadas e eruditas, menoscabem os índios e resistam a que eles tenham essa ínfima reserva, quando nós – os brancos colonizadores – os matamos, os expulsamos, os menosprezamos.
Temos mais é que aprender com eles. A começar, pelo respeito à natureza. Quando os portugueses chegaram em 1500, isto era um Paraíso. Em quinhentos anos, estamos fazendo disto um Inferno. Alguém duvida?