Certa vez, entre o tempo de intervalo de uma aula e outra, abracei um pedaço de papel que alguém havia atirado no lixo. Por motivos inexplicáveis e por minha felicidade ele não permanecia totalmente mergulhado no cesto. Parte do papel daquela mensagem havia se enroscado num pequeno detalhe do recipiente acolhedor de coisas imprestáveis. Talvez pelo justo motivo que no lixo jamais deveria estar. Fiquei apaixonado pelas frases, palavras e pensamentos que esse momento mágico me colocou nas mãos. Apanhei o texto e me deliciei na leitura. Começava assim: Fico preocupado toda vez que vejo uma pessoa ansiosa, visivelmente angustiada, falando que vai viajar em busca de um novo sentido para sua vida. Estar consigo se tornou tão insuportável, que ela passa a transferir para os aeroportos e rodoviárias toda sua esperança de paz e felicidade. Isso é o pior que pode acontecer a um ser humano. Significa que ele está perdendo a confiança em si mesmo, está transferindo para terceiros a responsabilidade sobre seu próprio bem-estar. Isso é a morte em dose homeopática. O problema que está dentro da gente não pode ser resolvido fora.
Tudo que se buscar no mundo exterior, será um exercício inútil de fugir de si mesmo. Para uma pessoa angustiada Las Vegas ou Paris podem se transformar num inferno cheio de luzes. Um coração triste não enxerga a beleza das coisas. Na Índia, conta-se a seguinte história: Uma mulher foi surpreendida numa praça procurando algo. Curiosa, a vizinhança logo quis saber o que ela havia perdido. Uma agulha, respondeu! Todos se prontificaram a ajudá-la a achar a tal agulha. No final da tarde, já cansados da procura inútil, os vizinhos perguntaram: onde exatamente você perdeu a agulha? Ao que a mulher respondeu: Dentro da minha casa, mas como aqui há mais claridade, achei que teria mais chances de encontrá-la. Só faltaram bater e agredir a mulher. Como você nos faz perder tanto tempo procurando aqui fora algo que foi perdido lá dentro? A mulher, que era na verdade uma monja deu uma enorme gargalhada e disse: engraçado, vocês perdem a felicidade em seus corações e partem para buscá-la no mundo exterior.
Fazem a mesma loucura que agora estranham em mim. Esta tem sido a vida de vocês, que buscam fora o que perderam dentro. Pois saibam que somente no silêncio de seus corações poderão encontrar a felicidade perdida. Um líder espiritual indiano, dizia: Esta é a situação do ser humano. Você é capaz de olhar para todos os lugares a sua volta, mas é incapaz de ver onde está e o que veio fazer neste planeta. É incapaz de fazer a pergunta fundamental ‘QUEM SOU EU? Enquanto não tiver resposta para esta pergunta, cancele todas as passagens que reservou.
Não há lugar para onde ir, estar aqui é tão glorioso e gratificante, que não há melhor local no mundo onde você possa se reencontrar. Feche os olhos para poder ver a realidade do aqui. Lá é apenas uma ficção. AQUI E AGORA são as nossas únicas realidades. Mergulhe para dentro de si. Tenha coragem de permanecer só e em silêncio. A mente quer levar-lhe para fora porque teme perder o controle da situação. Seja mais forte, resista a todas as tentativas de buscar fora a felicidade que só pode ser encontrada dentro de você. Medite. A mente e a meditação não podem coexistir. Não se pode ter ambas. Ou você fica com a mente ou com a meditação, pois a mente é pensar e meditação é silêncio. A mente significa tatear no escuro. A meditação significa entrar na infinita beleza do seu próprio ser. No começo o silêncio parece tristeza, porque você sempre foi uma pessoa ativa, ocupada, envolvida – e de repente se foram todas as suas atividades, seus negócios produtivos, seus afazeres. Dá a impressão que você perdeu tudo, toda a sua vida. Até os projetos profissionais parecem perder o sentido.
É uma sensação de tristeza profunda. Mas seja um pouco paciente, deixe essa tristeza se assentar. Esse é o começo do silêncio, o começo da paz. Se você não levar a felicidade na sua bagagem, não vai encontrá-la em nenhuma parte do mundo. Lembre-se: O que você está procurando é você mesmo. Nada neste mundo faz sentido se não tocarmos o coração das pessoas. Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves da alma. Esse foi o texto que encontrei abandonado num cesto para descarte. Uma pena que as pessoas não sabem aproveitar os tesouros diariamente colocados em suas mãos. Repito a frase: “Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves da alma”.