O badalado Ministro Francês do Meio Ambiente, Nicolas Hulot, renunciou ao cargo. Alegou “acúmulo de decepções” e anunciou sua renúncia ao vivo, durante uma entrevista concedida a uma rádio em Paris.
Foi corajoso. A experiência brasileira é a do apego aos cargos e funções. Há quem “engula sapos”, colecione humilhações e sirva de capacho, apenas para orbitar em torno a qualquer quirera de poder.
“Não quero mais mentir para mim mesmo ou criar a ilusão de que estamos enfrentando estes desafios”, afirmou Hulot à Rádio France Inter. “Portanto, decidi deixar o governo”.
Só então é que o Presidente Emmanuel Macron tomou conhecimento da perda de seu Ministro. Hulot não avisou antes, exatamente para que não pretendessem segurá-lo preso a um compromisso assumido junto a seu amigo Chefe do Executivo.
Em maio de 2017, ele foi um dos primeiros anunciados por Macron. Era considerado pessoa ideal para liderar o processo de redução da emissão de gases causadores do efeito estufa. Ele cuidava do meio ambiente e da energia.
Só que isso acontece com frequência. Na hora de convidar, o chefe promete tudo. Mostra a sua face ambientalista, sensível, preocupado com o aquecimento global e com as mudanças climáticas. Depois vai se esquecendo, as promessas se diluindo. Assim foi na França, assim acontece em outras plagas. Onde a redução da energia nuclear em 50% até 2025? Como está o uso de energia renovável?
Para compensar, o governo francês flexibilizou as leis que regulam a caça, para atender ao interior, onde ainda se caça muito. Hulot, o pop-star da ecologia, que leva consigo multidões, não suportou as seguidas quedas de braço.
Na verdade, o jovem Macron é outro daqueles que promete, jura, enfrenta o eliminador do futuro no discurso, mas nunca transforma seus discursos em prática. Pobre natureza! Se um líder esclarecido como Emmanuel Macron tem esse comportamento em relação a um dos mais sérios problemas contemporâneos, imagine-se o que acontece nesta seara em que a ignorância e a cupidez dão os braços e caminham, ilesas, a destruir o que ainda resta do patrimônio natural com que a Providência privilegiou este continente.