W. A. Cuin
“Se quisermos alcançar a meta, ponhamos de lado todo impedimento e corramos, com perseverança, na prova de amor e luz que está proposta”. (Emmanuel, no Livro “Fonte Viva”, item 85, psicografia de Francisco Candido Xavier).
Comumente engana-se a criatura na Terra ao acreditar que, ofertando algum bem material ao semelhante que vive na miséria, está realizando o suficiente para o seu necessário aprimoramento espiritual.
Sem dúvida, todo gesto que redunda no bem do próximo é, incontestavelmente, escada de progresso para qualquer um de nós, no entanto, em se tratando da evolução do espírito, uma simples doação material é pouco, se realmente ansiamos pela perfeição a que estamos destinados.
Com freqüência, as religiões, munidas de excelentes propósitos apregoam e incentivam a caridade, mas a ênfase maior se prende à distribuição material, fácil de fazer, onde de um lado se posiciona o doador, às vezes frio, distante e com aspectos de superioridade e do outro, o beneficiado sofrido, humilhado e dependente. Em essência, a verdadeira caridade é aquela onde quem oferece e quem recebe se afinize nos propósitos da promoção humana, para que no tempo o necessitado não mais careça esmolar, e sim adquira condições de total independência, de forma a dispensar a ação socorrista alheia para também se colocar na dianteira, junto aos que distribuem.
Assim sendo, além do prato de sopa ofertado ao irmão do caminho, ofereçamos a ele também o nosso tempo em conversações educativas e salutares.
Além do agasalho à família que tirita de frio, caminhemos com ela observando onde está o ponto de desequilíbrio, objetivando reergue-la para a dignidade de auto sustentar-se.
Além dos remédios indispensáveis ao doente sem recursos, procuremos identificar as razões da penúria e busquemos, dentro das nossas possibilidades, estender-lhe nossas mãos para que se levante e caminhe com seus próprios pés.
Além de cestas básicas de alimentos a quem perambula pela vida sem o mínimo necessário para viver, uma vez detectado o motivo dos desajustes, desenvolvamos, com perseverança, ações pra que o carente ganhe o seu próprio sustento.
Além de ouvir o familiar queixoso, ante os problemas morais que o aflige, cuidemos de criar mecanismos para que ele saia de vez do clima depressivo e se lance na fé e na certeza de que tudo passa.
E ainda, além de trabalharmos na promoção humana das pessoas sofridas que nos cercam, cuidemos também, com muita urgência e determinação, de laborarmos em favor de nós mesmos, vencendo as limitações que nos prendem a vida inferior, no desejo da sublimação de nossa passagem pela vida física.
Quem realmente deseja a tão sonhada evolução espiritual, não se limite a somente doar bens materiais ou desenvolver pequenas ações em favor do próximo. Serão indispensáveis as grandes lutas interiores que neutralizam o egoísmo, a vaidade, a fantasia, a preguiça, o comodismo, a indiferença, o ódio e a impaciência. Ajudar o próximo é o começo, é uma boa prática, mas é pouco para quem realmente deseja ser feliz. Indispensável é o nosso crescimento interior.