A falência dos Partidos Políticos pode ser lida como a crônica de uma morte anunciada. Há muito tempo eles não conseguem seduzir a população, pois convertidos em ferramentas de empolgar o poder, sem compromisso com o bem comum.
A reiteração de mentiras, de promessas descumpridas, o troca-troca de siglas a evidenciar mero interesse eleiçoeiro, a identidade entre um e outro e a grande decepção daquele que pretendia ser o mais ético dentre os partidos, converteu-os todos em chão de que a honestidade foge como diabo da cruz.
Todavia, o Brasil continua a sustentar essa máquina. Quando se fala em “Brasil”, usa-se de um eufemismo. Na verdade, quem mantém as estruturas partidárias é o povo. Povo sofrido, cada vez mais pobre, cada vez mais excluído e, o pior de tudo, cada vez mais desesperançado.
Além do Fundo Partidário, essa montanha de dinheiro de destinação discutível no País que viu crescer a miséria e mantém a desigualdade em níveis insuportáveis, há 33 – idade de Cristo! – Fundações, que existem para a pesquisa, doutrinação política, realização de debates e conscientização da importância de se participar da vida política brasileira.
Elas percebem 20% dos recursos destinados ao Fundo Partidário. Em 2017, receberam R$ 148,3 milhões do povo. Este ano, recebem R$ 177,7 milhões.
Para exemplificar, a Fundação Perseu Abramo, do PT, recebeu no ano passado R$ 19,7 milhões; o Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, ganhou R$ 16,2 milhões. Em seguida, a Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, embolsou R$ 15,8 milhões, a Fundação Milton Campos, do PP, teve R$ 9,5 milhões e a Fundação João Mangabeira, do PSB, ficou com R$ 9.2 milhões.
Você, leitor, participou de alguma atividade por elas promovida para educar politicamente a população? Todos os partidos têm Fundação, à exceção do PMB e Partido Novo. Todas as Fundações recebem algum valor. O mínimo é R$ 230 mil por ano.
Não ouvi, de nenhum candidato a Presidente, que vá acabar com o Fundo Partidário, o que seria o mínimo a se esperar de alguém que vai governar uma quase massa falida! O déficit brasileiro cresce a cada dia e o País parece imerso num “Funk da Ilha Fiscal”, pois a propaganda fala de um Brasil que já não existe.
Em País sério, quem sustenta o Partido é aquele que se filiou a ele, por acreditar em seus ideais, convencido de que a sua opção é a melhor para gerir os destinos da Nação. Assim também, é o filiado que deverá custear as Fundações ou Institutos encarregados de promover a educação política da população.
Um bom exemplo foi recentemente adotado, quando se excluiu a contribuição sindical obrigatória. Devem existir os Sindicatos que, por representarem condignamente os seus associados, por estes são mantidos. Assim deveria acontecer com os Partidos Políticos. E assim deveria acontecer com outras anomalias brasileiras, como o crescimento patológico da estrutura estatal, a criação de municípios que não têm condições de subsistência, o sacrifício de São Paulo que sustenta, sozinho, outros vinte Estados-membros, alguns dos quais deveriam voltar a ser territórios.
A situação do Brasil é periclitante. O investimento estrangeiro foge atemorizado pela violência, pela insegurança jurídica incrementada pela judicialização da vida brasileira, pela imprevisibilidade das regras, inobservância dos contratos e falta de seriedade da política.
Os próximos anos serão de penúria, se houver seriedade por parte de quem assumir as rédeas do governo. Não apenas Presidente da República e Governadores, mas o Parlamento, que pode ajudar a salvar o País ou continuar a fazer o estrago de sempre.
Em relação às Fundações dos Partidos Políticos, espera-se que o Ministério Público, sempre tão cioso da moralidade e da compliance, atue com rigor para verificar se o precioso dinheirinho do pobre está sendo bem empregado ou tem a mesma destinação de tantas outras sinecuras tupiniquins.