W. A. Cuin
“Levantar-me-ei e irei ter com meu pai...”. (Lucas, 15:18).
Quando o filho pródigo, descrito na parábola por Jesus, deliberou retornar aos braços paternos, após ter recebido sua herança e a desperdiçado em futilidades e ilusões, criou para nossa reflexão um dos mais significativos símbolos de arrependimento, coragem, determinação e maturidade.
Reconhecendo seus equívocos não vacilou em recomeçar, aceitando a condição de um empregado da propriedade do pai, pois tinha consciência de que não merecia ser tratado mais com um filho, embora não esperasse a reação fraterna do genitor, que ao avistá-lo, o acolheu num abraço carinhoso e meigo.
De nossa parte, inúmeras vezes também deliberamos seguir caminhos contrários àqueles que nos asseguram avanço moral, prosperidade intelectual e crescimento espiritual, criando a urgente necessidade de decidirmos por novos rumos e outras direções, sustentadas pela esteira dos valores da dignidade, da honra e da honestidade.
Se preciso ergamos-nos da inércia, da apatia e do desânimo e fortalecidos pela fé, deixemos a rede macia do comodismo em esperar que a vida nos dê tudo de forma gratuita e busquemos conquistar virtudes, enquanto empreendemos esforços para a extinção dos defeitos, que ainda nos mantém na condição de inferioridade e sofrimento.
Se a tristeza insistir em povoar os nossos pensamentos e derramar insatisfações em nossa vida, levantemos a confiança em Deus e tenhamos a certeza inconteste de que o Pai Celestial, amoroso e bom, justo e perfeito, em circunstancia alguma deixará de atender as nossas necessidades.
Se a moléstia insidiosa continuar a nos manter no leito de dor, embora todos os esforços de médicos, hospitais e remédios, levantemos a esperança nos dias do porvir, nos recursos que a tecnologia vem desenvolvendo, pois o amanhã poderá surgir com novas cores e propostas.
Se familiares queridos deixaram o nosso convívio pelos mecanismos da desencarnação, renascendo para a vida espiritual, abrindo enorme lacuna em nossos corações, que se repletam de saudades, levantemos a certeza na imortalidade e prossigamos convictos de que um dia, no futuro, em outras dimensões vibratórias, novamente estaremos com eles.
Se o abandono e a solidão estiverem nos acompanhando com freqüência, escurecendo os nossos momentos e amargurando a nossa vida, levantemos a vontade de refletir e meditar, pois as vezes, diante do nosso comportamento e atitudes, quem sabe estaremos impedindo a aproximação das pessoas ao nosso redor.
Se os recursos financeiros e materiais se escassearam, criando dificuldades e embaraços para que possamos honrar nossos compromissos, levantemos a força e a perseverança e saiamos a trabalhar ainda mais, na confiança de que o labor nos conduzirá a novas perspectivas.
Se os filhos que chegaram ao nosso lar e para os quais nos empenhamos ao máximo, visando educá-los, mostrando-lhes os caminhos da decência e da dignidade, resolveram não atender aos nossos insistentes apelos de moralidade, levantemos a paciência e esperemos pelas sábias lições da vida, que farão, certamente, aquilo que não conseguimos agora fazer.
O filho pródigo, depois de perceber o equívoco cometido, diante do sofrimento decorrente da escassez de recursos financeiros, por ter gasto a herança recebida de forma inútil, inconseqüente e irresponsável, caindo no arrependimento, teve forças para levantar, sacudir a poeira e voltar ao lar paterno, nem que fosse na condição de um empregado do pai, para recomeçar a vida.
Em oportunidades inúmeras, também nós, ao percebermos os erros e os enganos deliberados, temos absoluta necessidade de levantar a nossa vida e buscar o apoio de Deus, para recomeçar, e, por certo, Ele também abrirá seus braços para nos acolher num abraço...
Reflitamos...