A expressão “corporativismo” passou a representar algo pejorativo. A conotação é com o proceder egoístico de uma categoria, em busca de seu exclusivo interesse. Um dos mantras dos candidatos nas eleições de 2018 é a promessa de demolir os corporativismos.
Todavia, uma corporação em si não tem nada de nocivo. Ao contrário, simboliza a coesão em torno a ideais perfeitamente defensáveis e próprios àqueles que se agregam à luz da lei sociológica dos “pássaros de igual plumagem”. Todos sabem que o ser humano isolado não existe. Tomás de Aquino reduzia a três as hipóteses do homem só: “excellentia naturae”, “corruptio naturae” e “mala fortuna”. Os seres superiores, os patologicamente comprometidos e aqueles que por acaso ou má sorte, acabassem sozinhos. Todos os demais seguem a vocação natural: agregar-se.
Pois a 4ª Revolução Industrial vem reforçar a tendência de algumas corporações se acautelarem e cuidarem elas próprias de capacitar, qualificar e manter atualizados os seus quadros funcionais. A escola convencional não tem condições de fornecer os servidores especializados de que alguns setores não prescindem. A obrigação de tê-los proficientes e empenhados é dos próprios estamentos interessados.
Não é novidade a “Universidade Corporativa”. Em 1927, nos Estados Unidos ela já surgia. O Brasil tem bons exemplos: Caixa Econômica Federal, SEBRAE e SECOVI. É um modelo de inspiração bem antiga: os Seminários para a formação de sacerdotes, as Escolas Militares e o Instituto Rio Branco do Itamaraty. Mais modernamente, as Escolas da Magistratura, do Ministério Público, da Polícia e da Defensoria.
Com a implementação desse projeto, atende-se ao comando fundante do artigo 205 da Constituição da República: a educação é direito de todos e dever do Estado, da família e da sociedade. As Corporações integram a sociedade, seus membros pertencem ao universo familiar. Têm a obrigação de voltar seus olhos, atenção e zelo para a causa nobre da educação. Sem esta, o Brasil continuará a patinar na mediocridade e, pior do que isso, no evidente retrocesso axiológico em que mergulhou nos últimos anos.
Um sistema cooperativo entre Estado, sociedade, família e os setores que têm necessidade de trabalhadores proficientes vai produzir as gerações que neste século 21 terão a incumbência de reumanizar a Humanidade, recuperar o espírito de união e fraternidade que deveria reinar entre irmãos, devolver a esperança e o sorriso a um brasileiro que tem motivos reais para estar desalentado.
Vamos multiplicar as fórmulas de educação corporativa, mais flexível do que as rédeas curtas da excessiva normatização da educação formal, livres para ousadias e audácias. São estas duas as ingredientes do sonho e, sem sonho, a humanidade não consegue subsistir às seguidas vicissitudes a que se vê submetida nesta inacreditável fase da História.