Que maravilha! Lendo um texto de Ruth Rocha, que uma grande amiga me passou, fiquei surpreso com a semelhança de outro fato que vou te contar ao final, meu amigo leitor. O texto gentilmente passado pela minha colega, da autora já declinada dizia: - que duas criaturas caboclas, vizinhos de propriedades eram completamente diferentes na maneira de pensar e agir. O senhor Porfírio era uma pessoa um tanto briguenta e um tanto asqueroso. Nossa... Lembrei-me de alguns amigos meus agora... rs. O senhor Porfírio arrumava confusão com todo mundo. Já o senhor Candinho era um cidadão pacífico e bondoso. Nos tempos de escola foram bons amigos. Entretanto a ganância e a falta de civilidade tornou o senhor Porfírio uma pessoa jamais confiável.
O dinheiro era sua paixão predileta. Achava que com muito dinheiro o mundo pudesse ajoelhar a seus pés. Um tipo assim, que manda matar a mãe por dinheiro. Um belo dia de primavera, numa manhã bem cheirosa, o seu Candinho sai de casa para se espreguiçar e observa que o rio que corria nas duas propriedades havia sido desviado o seu leito deixando de beneficiar sua propriedade. Claro que foi obra do senhor Porfírio, para não fugir da regra da maldade. Coisa estranha lhe passou pela mente naquele instante. Ué!!! Por que será que o vizinho me fez tamanha maldade? Atravessou a divisa das propriedades e foi perguntar ao dito cujo. – Porfírio, por que mudou o percurso do riacho? Assim tu vai me prejudicar! O Porfírio nem ia lhe responder, mas acabou por falar: - Candinho, o mundo é dos espertos, sabia? O Candinho não acreditou no que ouviu, mas procurou o Doutor Alex, indicado por um parente seu para orientá-lo em seus direitos. Contou o fato ao Doutor Alex e em seguida lhe disse: Já que quem vai decidir a questão será o Doutor Honório, Juiz de Direito, o senhor não acha que a gente devia mandar a metade de um cordeiro limpinho para ele? - O que é isso senhor Candinho? Acha que o meritíssimo Doutor Honório iria aceitar uma coisa dessas? Nem pense nisso. Os magistrados são sérios e jamais recebem qualquer tipo de benesse. Se o senhor fizer algo parecido ele até poderá dar ganho de causa ao Porfírio. - Está bem Doutor Alex, me perdoe pela bobagem que lhe falei. No dia do julgamento, todo mundo apavorado, menos o senhor Candinho. Palitava os dentes porque havia tomado um lanchinho minutos antes. Na hora da solene sessão do julgamento, entra o Doutor Honório engravatado da cabeça aos pés, requintadamente trajado, mas de cara fechada e muito séria. Senta comodamente na sua elegante poltrona. A toga lhe caía pelos ombros como se um manto sagrado fosse. O julgamento começou e em minutos terminou.
O senhor Candinho ganhou a causa. O senhor Porfírio terá que desfazer o bloqueio que fez no riacho e devolver o leito do rio para o senhor Candinho. Além disso, o magistrado atribuiu uma multa pecuniária ao senhor Porfírio porque o Candinho precisou furar um poço para dar água às poucas cabeças de gado. Promoveu até uma festa para comemorar. No meio dos comes e bebe, ele chamou o doutor Alex do lado e lhe disse: - Doutor, eu não falei que funcionava mandar um presentinho para o Doutor Juiz? – O quê? O senhor mandou metade daquele cordeiro para o Doutor Honório? Sim, mandei Doutor. Só que mandei em nome do Porfírio. E gargalhou em seguida. Bem, coisa parecida me estranhou outro dia. Um caso verídico. Um confidente amigo me disse que um causídico contratado por ele para tratar de seus interesses numa divisão de espólio, lhe havia pedido umas assinaturas porque iria mudar os termos da “inicial” que ele mesmo havia preparado há tempos atrás quando adentrou em seu favor com a causa na Justiça. - Espera aí... Mudar a inicial? Como assim? O que você defendeu inicialmente quer agora mudar? A que título faria isso? Que profissional é você? Mudou de lado? Afinal a verdade não possui duas versões! Está cheirando desonestidade na história. Hummm... Isso me cheira profissionalismo antiético, descarado e inescrupuloso de um profissional que jurou defender seus contratados com honra e fidelidade. Que pobreza de espírito tem esse pária da sociedade. Bem, o fato me fez lembrar uma música do saudoso conjunto musical “Legião Urbana”. Que país é esse? Você se lembra?