O israelense Yuval Noah Harari, autor dos três best-sellers mais lidos em todo o planeta nestes últimos meses está à toda. Concede entrevistas na TV, para jornais e para quem solicite. É a capa da Revista “Cultura”, editada por Pedro Herz, idealizador das Livrarias Cultura, um “case” de sucesso no Brasil. E é autor do artigo central de “Ilustríssima” da FSP de 7.10.18.
Já abordei alguns dos temas que ele enfrenta nos três livros de sucesso: Homo Sapiens – Uma breve História da Humanidade, Homo Deus – Uma breve História do Amanhã e 21 Lições para o Século 21, em que ele se detém no presente.
Algumas de suas preocupações são realmente sérias e devem nos motivar a uma tomada de posição. Uma delas diz com o aquecimento global, que algumas das indústrias de sucesso no agronegócio teimam em dizer que não existe. Até financiam meteorologistas aposentados para fazerem palestras pelo País inteiro – e fora dele – evidentemente bem remunerados, dizendo que isso é invenção de ambientalistas catastrofistas.
Para Yuval as mutações climáticas constituem uma das mais graves ameaças para a Humanidade. Condena o excesso de consumo e, principalmente, o consumo de carne e de laticínios.
Em relação à carne vermelha, todos sabem que a pecuária é a atividade mais poluente que existe. A emissão de gás carbônico do gado vacum supera a dos veículos movidos a combustível fóssil. Ninguém parece acreditar, mas é a ciência quem o diz.
Já a indústria de laticínios, segundo Harari, é baseada no rompimento dos laços de amor entre mães e filhotes. Uma vaca jamais produz leite, a menos que engravide e dê à luz um bezerro. Mas aí os humanos retiram o filhote dela para ser abatido e ordenham a vaca. Processo que provoca dor e agonia a milhões desses animais.
Se vier a ser julgada pelo sofrimento que produz, a pecuária moderna é, provavelmente – diz Yuval – um dos piores crimes da história. Seria muito mais ético alimentar as pessoas com uma dieta baseada em vegetais, que é também mais ecológica.
Não há prenúncios de mudança nos hábitos humanos de consumir menos carne vermelha. Sem falar que a vegetação é eliminada para ceder espaço aos pastos. E as terras enfraquecidas e abandonadas nunca são recuperadas, pois o bicho-homem pensa que pode continuar a destruir, principalmente num País em que o Direito Ambiental foi uma promessa descumprida e em que o Judiciário enterrou o princípio da vedação de retrocesso. Por isso, continuemos em marcha a ré, na contramão e a toda a velocidade.