W. A. Cuin
“O abortamento voluntário é um crime, qualquer que seja a época da concepção?
— Existe sempre crime no momento que vós transgredis a lei de Deus...”. (Questão 358, de “O livro dos Espíritos” – Allan Kardec).
Se a reencarnação é a volta do Espírito a um novo corpo, para a realização de trabalhos e a colheita de experiências no mundo físico, o aborto, seja ele de que forma e circunstância for, incontestavelmente, caracterizar-se-á como o retorno da alma à vida espiritual, não concretizando assim as propostas desejadas ou os planos traçados.
Sem dúvida, o aborto é uma transgressão à lei divina, pois o caminho natural de um feto é o seu surgimento para a vida material.
O Espírito antes de receber o aval dos Benfeitores Espirituais, encarregados da elaboração de projetos de reencarnações, passa por minucioso exame, onde vários fatores são colocados em discussão, para análise, pois que não dependerá somente da sua vontade ou dos seus anseios. Nascerá filho de quem? Como desenvolverá seu programa de ação? Qual a linha mestra de sua vida na Terra? Terá méritos para contar com o apoio de amigos no mundo físico? Quando tempo será necessário permanecer na vida material? Trará alguma tarefa especial?
Não teremos dificuldades em notar a complexidade que envolve a preparação de uma reencarnação, portanto, mesmo os Espíritos de poucos méritos, que quase nada tenham feito em favor de si mesmos, recebem as atenções divinas e não chegam à Terra por acaso e sob o jogo das circunstâncias.
Nunca podemos olvidar que no Código Divino não há lugar para acontecimentos soltos, à mercê da sorte. Deus, sendo a inteligência máxima e causa primária de todas as coisas, instituiu leis que regem todos os quadrantes do Universo. Assim, tudo está mergulhado no pensamento divino.
Abortar, portanto, será romper com toda uma programação preestabelecida. Em verdade, a decisão de interromper a vida de quem ainda se forma no ventre materno, se caracteriza como um crime onde a vítima não tem a mínima chance de defesa. Decide-se pelo outro, sem consultá-lo ou respeitar o seu direito de escolha.
E, o Espírito liga-se ao novo corpo desde o momento da concepção. Acontecendo a fecundação do óvulo por um espermatozóide, começa a união do Espírito com um corpo em formação. Dessa forma, bloquear a gravidez de algumas horas, dias ou meses, será estrangular os sonhos de alguém que, anteriormente, passou pela elaboração de detalhado programa de vida, em busca de novas oportunidade de soerguimento e elevação espiritual.
Muitas vezes, o filho que está sendo gerado é exatamente aquele Espírito a quem muito devemos e que nos ajudou em outras épocas, chegando para que possamos retribuir ao seu coração amigo, todo o bem que nos fez. O aborto representaria um profundo gesto de ingratidão.
Portanto, diante de tão complexa questão, antes de uma simples tomada de posição, analisemos friamente as conseqüências de um aborto, observando tanto o aspecto físico como o espiritual, pois alem dos possíveis e sérios comprometimentos orgânicos, ainda carregaremos conosco os agravantes espirituais, por impedir a reencarnação de um Espírito que planejou trabalhar e se empenhar em novas lutas, buscando a paz e a felicidade que sonha. E, nesse processo terá a culpa quem dele participar, influenciando, impondo, exigindo ou praticando.
Muitos quadros obsessivos têm origem numa decisão dessa natureza, exigindo longos anos de sofrimento e sacrifício para se debelar a chama do ódio e da revolta que costumam envolver quem aborta e quem é abortado.
Assim. Seguindo a lógica dos profundos e valiosos ensinamentos de Jesus, bem melhor será prosseguir com a gravidez, seja em que circunstância for, pois, Deus, nosso Pai de eterna bondade, amor e sabedoria, em momento algum colocará carga pesada em ombro fraco.
Acolhamos o filho que vem de Deus e Deus nos acolherá em seu coração. Confiemos.