Cidade
Especial 8 de Agosto | O relato de quem acompanhou o desenvolvimento, Santa Fé e suas paixões
Atuante na sociedade, Arnaldo José Santa Fé Trindade é sinônimo de forró, carnaval, futebol e política
publicado em 06/08/2022
Santa Fé carnavalesco, do futebol, das tendas, do forrozão. Seja qual faceta for, uma coisa é inquestionável: ele fez de Votuporanga seu lar (Foto: A Cidade)
Carnaval, futebol e forró. Paixões do comerciante Arnaldo José Santa Fé Trindade, conhecido como Santa Fé. Ao abrir seu álbum de fotografias, a sua história revela muito sobre o passado glamouroso de Votuporanga repleto de plumas, escola de samba, música e torcida apaixonada.
Santa Fé nasceu em Poloni, mas veio para o município em 1962 para trabalhar. Não demorou muito para se envolver na sociedade, em diversas áreas, prezando o desenvolvimento da cidade das Brisas Suaves.
No seu breve currículo de apresentação, Arnaldo já foi diretor do Assary, Votuporanga Clube, do Clube dos 40, presidente do time Votuporanguense e, por mais de 26 anos, se dedicou ao Carnaval de rua da Mulata Dengosa.
Tamanho prestígio o levou para a política. “Eu fazia muitos comícios, com a bateria da escola de samba da Mulata Dengosa. Lotava a Concha Acústica, a Praça São Bento. Fui candidato como vereador em 82 e ganhei”, contou.
Assim, ele teve três mandatos, inclusive foi presidente da Câmara Municipal. Santa Fé também foi candidato a vice-prefeito com Jorge Seba, hoje atual chefe do Poder Executivo, mas perdeu a eleição para Pedro Stefanelli.
Mulata Dengosa
Se tem um assunto que faz Santa Fé sorrir é a “sua” Mulata Dengosa. A escola de samba, fundada por Zuiz Preto, tem o seu coração. “Fomos campeões por 12 vezes. Começamos em 1968 e cheguei a ir para o Rio de Janeiro atrás de grandes agremiações como Império Serrano do Rio e Beija-flor em busca de inspiração”, disse.
Na época de ouro, Mulata Dengosa concorria com Acadêmicos do Lago e Deixa Cair. “Eu comecei como batuqueiro, eu mesmo criava os instrumentos de percussão, porque não tínhamos dinheiro para comprar. Quando tinha minha loja de fabricação de cortinas, eu pedia para duas funcionárias e minha família confeccionassem as fantasias”, recordou.
As fotos mostram sofisticadas alegorias e fantasias que atraíram foliões de todas as regiões e grandes centros. “Recebia telefonemas de pessoas que moravam em outras cidades e que queriam desfilar. Eu produzia a fantasia e, quando o visitante chegava, era só vestir e aproveitar nosso Carnaval”, complementou.
Os sambas-enredos eram verdadeiras homenagens. E, é claro, que Votuporanga não ficaria de fora. A escola de samba fez um desfile especial para os 50 anos do município. “Naquele ano, saímos muito bem, com um nível acima, igual agremiação do Rio de Janeiro. Vendi o carro da minha mulher para pagar os custos”, afirmou.
E esta não foi a única homenagem, “Tivemos várias ocasiões como os sambas “Tem japonês no samba”, celebrando a colônia nipônica na cidade e também “Votuporanga através dos tempos”, lembrou. A escola chegou a alcançar 600 integrantes.
Votuporanguense
De presidente a treinador. Esse é o Santa Fé, que assumiu várias posições no time da Votuporanguense. “Entrei como diretor de esporte na época do Roberto Marão. Em 1972, virei treinador, até curso de árbitro fiz. Estava sempre fazendo rodizio entre fazer parte do Conselho ou da Diretoria”, disse.
Forrozão
Para os mais novos, o comerciante é conhecido por seu Forrozão. Evento que começou de forma filantrópica. ‘Na década de 80, Ideval Geraldo de Freitas era presidente da Apae. A entidade estava em uma situação complicada financeiramente, então sugeri fazer um forró com parte da renda para a instituição. Assim foi nossa primeira edição”, contou.
De lá pra cá, nunca mais parou. Santa Fé, inclusive, trouxe grandes nomes para a cidade como Chitãozinho e Xororó, João Mineiro e Marciano, Teodoro e Sampaio e muito mais. “Fiz muito baile no ginásio de esportes. Em 2022, completamos 36 anos de forró. Faço evento toda semana”, complementou.
Veia empreendedora
E se em 1962 ele veio para trabalhar como vendedor, há anos se tornou referência no ramo de tendas. Foi funcionário por anos da Casa Matos, sendo um dos que mais vendia na região. Graças ao carisma e o bom atendimento. “A gente tem que ser amigo do freguês, entender os gostos, tratar bem. Eu cortava um pedaço do tecido que chegava na loja e enviava para as clientes”, afirmou.
Depois da Casa Matos, foi sócio de uma loja de cortina, mas não deu certo. “Posteriormente, abri o Bar e Restaurante Paramount. Tenho várias histórias daquele lugar. Na Copa de 70, eu era o único estabelecimento com televisão. Ficamos lotados”, recordou.
Após o Paramount, Santa Fé foi trabalhar com Halim Haddad na Casa Alvorada. “Halim foi mais que um pai, tenho um carinho enorme. Depois, tive uma loja de cortina e comecei com o forró”, destacou.
Mas o ramo que ele se mantém até hoje, além dos eventos, é de tenda. “Faz 25 anos. Lembro que um dia, o pessoal do Assary me perguntou sobre tenda e eu ajudei. Naquela ocasião, fiz duas para o clube e comecei no segmento. Cheguei a ter mais de 300 itens, inclusive instaladas em outras regiões como Dracena e Presidente Prudente”, afirmou.
Santa Fé carnavalesco, do futebol, das tendas, do forrozão. Seja qual faceta for, uma coisa é inquestionável: ele fez de Votuporanga seu lar e sua cidade do coração.
Notícia publicada no site: www.acidadevotuporanga.com.br
Endereço da notícia: www.acidadevotuporanga.com.br/cidade/2022/08/especial-8-de-agosto-o-relato-de-quem-acompanhou-o-desenvolvimento-santa-fe-e-suas-paixoes-n73655