A médica da Vigilância Epidemiológica, Nathália Zeitune, esteve ontem na Cidade FM para falar sobre a situação da dengue no município
A médica da Vigilância Epidemiológica, Nathália Zeitune, e a chefe da Vigilância Ambiental, Paula D.R. B. de Lima (Foto: A Cidade)
Da redação
Com a volta das chuvas em Votuporanga, a dengue voltou a ser um dos temas de maior preocupação no setor de saúde do município. A morte de uma jovem de 26 anos, sem nenhuma comorbidade, confirmada nessa semana também reforçou o sinal de alerta e a
Cidade FM entrevistou nesta quinta-feira (7) a médica da Vigilância Epidemiológica, Nathália Zeitune, e a chefe da Vigilância Ambiental, Paula Daiane Rosa Binheli de Lima, sobre a situação da doença no município.
Durante a entrevista, a médica Nathália Zeitune explicou que o vírus dengue sofreu sim mutações ao longo dos anos, mas o que gera o aumento na gravidade é a infecção secundária aos diferentes sorotipos da doença.
“Por exemplo, se a pessoa pegou um vírus da dengue do tipo 1 em 2020 e agora, em 2024, for contaminada pelo vírus do tipo 3, então ela tem os anticorpos para o vírus 1, mas a tendência é de que o 3 venha cada vez mais grave e toda a infecção secundária já tende a ser mais grave então por isso, independente do paciente ter ou não alguma comorbidade, independente da idade, isso tende a agravar. Ainda temos os grupos de maior risco, mas qualquer um que pegar dengue agora, independente de qualquer fator, pode evoluir para óbito”, disse a médica.
Nathália explicou ainda que as complicações da dengue surgem em um momento em que a pessoa pensa que o pior já passou e é aí que mora o perigo, pois quando esse paciente decide procurar atendimento médico, já é tarde demais.
“A dengue altera a permeabilidade do vaso sanguíneo. Dentro do vaso teria que ficar o plasma, mas ele sai desse vaso e isso gera uma congestão no pulmão, gera uma desidratação, o sangue fica mais concentrado, então, nos primeiros dias de dengue, tem febre a dor no corpo, depois acha que está bem. Mas é após esse período de febre vem a defervescência e a pessoa começa a apresentar os primeiros sintomas de gravidade, que pode haver um sangramento em algum local que a pessoa não está vendo e quando ela chega no atendimento médico já está muito grave” afirmou.
A médica confirmou ainda que há, nesse momento, muitas pessoas jovens, sem nenhum histórico de doenças, internadas por conta de complicações da dengue em Votuporanga.
“A faixa etária hoje com o maior número de internações é de 10 a 14 anos. O pior risco de complicação é a hemorragia, o choque hemorrágico, mas a gente pode ter uma hepatite por dengue, pode haver a insuficiência de algum órgão, como o rim e o coração. Todos podem levar ao óbito. O vírus da dengue gosta de estar no fígado, então 50% dos pacientes vão ter alguma alteração nas enzimas hepáticas e algumas dessas pessoas podem ter isso elevado em até dez vezes, o que pode causar lesões no fígado e por isso está tão comum as complicações hepáticas”, concluiu.