Nos dois crimes, conforme as investigações, houve a participação das filhas na execução dos pais por causa da herança da família
As semelhanças entre os casos levaram Viviane Moré (esq.) a ser comparada com Suzane von Richthofen (dir.) (Foto: Redes sociais/Reprodução)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
A Polícia Civil de Votuporanga, por meio da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), realizou ontem uma coletiva de imprensa para dar mais detalhes sobre as investigações que levaram à prisão de Viviane Moré, acusada de encomendar a morte do próprio pai, Wladmyr Baggio, da mãe Tiemi Cláudia More Baggio e do irmão Vitor Moré Baggio. Ela teria planejado o crime ao lado do marido, o advogado e pai de santo, Carlos Ramos, para ficar com a herança da família, estimada em cerca de R$ 2 milhões.
Viviane e Carlos teriam oferecido R$ 30 mil para que dois jagunços, identificados como Luís Henrique dos Santos Andrade, o Nenê, e Gustavo Henrique de Oliveira da Cruz, cometessem o crime (R$ 10 mil por cada homicídio) e ainda permitido que os bandidos levassem tudo que encontrassem de valor na residência. A mãe só não foi morta também porque havia feito uma viagem de última hora, sem que a filha soubesse.
“A investigação iniciou-se logo após a prisão em flagrante dos executores, onde um dos autores confessou e deu detalhes da conduta criminosa. Após isso levantamos imagens de um posto de combustíveis da cidade onde os mandantes se reuniram com os executores para realizar as tratativas do crime. Tudo teria sido motivado por conta de um patrimônio que a família tem de cerca de R$ 2 milhões, e a filha, ao executar toda a família, seria a única herdeira”, explicou o delegado.
O autor dos tiros, de acordo com a polícia, teria sido Gustavo. Na casa dele foi apreendido um revólver calibre 38. Os celulares de todos os investigados foram apreendidos e serão periciados para a coleta de eventuais provas.
Planejamento
Ainda conforme as apurações da polícia, havia uma rixa familiar por conta de uma ocorrência policial registrada junto à DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) e tudo já estaria sendo planejado com certa antecedência. Os dois pistoleiros, que possuem passagens na polícia por tráfico de drogas, teriam sido contratados após um deles precisar de um advogado e procurar Carlos Ramos para lhe auxiliar. Neste momento, segundo as investigações, foi feita a proposta para que ele executasse o crime.
A Suzane von Richthofen de Votuporanga
Franclin Duarte
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Nas redes sociais surgiram comparações do crime que aconteceu em Votuporanga no último dia 11, com um dos casos de maior repercussão nacional dos últimos anos: o caso von Richthofen. A própria Polícia Civil diz ver semelhanças nas duas ocorrências, com diferença apenas na natureza dos crimes, já que o da cidade foi um duplo latrocínio e o outro, ocorrido em 2002, na zona sul de São Paulo, foi um duplo homicídio.
“Há uma semelhança no caso, somente a natureza que há diferença, lá foi homicídio e aqui um duplo latrocínio”, explicou o delegado Rafael Latorre.
No caso da capital paulista, Manfred e Marísia von Richthofen foram assassinados a pauladas pelos irmãos Cravinhos, Daniel e Cristian, a mando da filha do casal, Suzane von Richthofen. O crime chocou o país tanto pela participação de Suzane quanto pela forma como foi premeditado.
Assim como em Votuporanga, inicialmente, a polícia acreditava se tratar de um caso de latrocínio (roubo seguido de morte). Porém, a casa não tinha sinais de arrombamento, e tanto o alarme quanto o sistema interno de vigilância estavam desligados. Em 8 de novembro de 2002, Suzane, Daniel e Cristian foram presos e confessaram ter planejado e matado o casal.
As semelhanças entre os dois casos levaram alguns internautas a chamarem Viviane Moré de “a Suzane von Richthofen de Votuporanga”. Depois de 20 anos de prisão, incluindo períodos de regime domiciliar, Suzane foi libertada em janeiro deste ano.