Marco Tirapelli afirmou que não é o primeiro e nem será o último caso que atua envolvendo pessoas que detém destaque na comunidade
Delegado Marco Tirapelli recebeu a reportagem do A Cidade (Foto: A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
O delegado titular do 1º Distrito Policial de Votuporanga, dr. Marco Aurélio da Silva Tirapelli, responsável pelas investigações sobre o acidente que causou a morte do jovem Sadraque Muni, de apenas 24 anos, concedeu ontem uma entrevista ao
A Cidade onde afirma que a Polícia Civil atua de forma isenta nas investigações. A credibilidade das apurações chegou a ser colocada em dúvida nas redes sociais por envolver o filho de um perito criminal aposentado.
Contudo, Tirapelli, que possui mais de 30 anos de carreira policial, afirma que este não é o primeiro e provavelmente não será o último caso que atua envolvendo pessoas que detém certo destaque na comunidade. Para ele, pessoas maldosas estão politizando uma tragédia.
“Quero deixar consignado que desde o domingo, a Polícia Civil de Votuporanga, primeiramente pela Central de Flagrantes, que atendeu essa ocorrência, e depois comigo, está diligenciando no sentido de ter os fatos cabalmente apurados. Tanto as causas desse acidente, como as circunstâncias que envolveram esse trágico atropelamento. Estou preocupado e a minha instituição também, sobre como as pessoas estão se utilizando dessa tragédia, por meio de redes sociais, principalmente, para trazer desinformação. Triste saber em como existem pessoas que se utilizam de uma tragédia e trazem desinformações, politizam até uma tragédia dessa”, disse o delegado.
Dr. Marco Tirapelli disse ainda que desde o dia dos fatos os investigadores estão diligenciando para colher imagens, arrolar testemunhas, inclusive, para poder passar para o Instituto de Criminalística essas informações para que o laudo pericial também seja feito de maneira efetiva.
“Advogados, familiares, já me procuraram, então tudo está feito de uma maneira legal, pois nós aguardávamos a comprovação do óbito da vítima, já que quando não há um óbito é um tipo de procedimento da Polícia Judiciária e com a efetivação da morte da vítima é um outro procedimento, que vai para a justiça comum, no caso de homicídio culposo e que estamos apurando, e precisávamos da comprovação do óbito. Pediria que as pessoas tivessem cautela tanto na publicação quanto no acompanhamento dessas informações, dessa verdadeira maldade que está acontecendo com essas pessoas se utilizando de redes sociais”, completou.
Confira a entrevista na íntegra com o delegado Marco Tirapelli
A Cidade: O que foi apurado até o momento? Houve de fato fuga do local do acidente? O rapaz que atropelou estava embriagado?
Esse é um dos pontos cruciais da nossa investigação. Se ele deixou o local do acidente, ele terá que justificar de forma cabal o motivo de ter deixado o local. Através de advogado, ele quis deixar essa justificativa, mas quero ouvi-lo em um momento oportuno, porque quero obter informações oficiais do hospital que o atendeu, por meio de um documento, uma ficha de atendimento médico ambulatorial da situação e estado de quando ele se apresentou nesse hospital. Então, esse é um dos questionamentos mais importantes dessa investigação.
A Cidade: Um dos pontos que fez este caso ganhar repercussão foi o fato do autor do atropelamento ser filho de um colega de profissão de vocês, o que levantou dúvidas sobre a imparcialidade das investigações e afirmações de que a Polícia Civil estaria sendo negligente no caso. O que o senhor tem a dizer sobre essas acusações?
É uma pena, pois todos nós temos família. Sou delegado de polícia e não nasci de chocadeira. Esse rapaz hoje investigado, o pai dele é um perito aposentado, que dignificou a instituição que ele representou e tem o meu maior respeito. Agora é mais uma leviandade, para não dizer maldade dessas pessoas que querem se utilizar para criar essas desinformações e essa situação que acaba querendo que as pessoas não acreditem nas instituições. Estou há mais de 30 anos na minha profissão e infelizmente esse não será o primeiro nem o último caso que vou apurar envolvendo pessoas que detém algum tipo de destaque na comunidade. Podem ficar tranquilos, porque isso infelizmente está sujeito a todos nós. Ninguém está imune a passar por uma tragédia. A minha instituição, a Polícia Civil do Estado de São Paulo, que detém a atribuição de apurar lícitos e sua autoria, irá fazer de forma isenta a apuração de mais essa tragédia.
A Cidade: Outro ponto que chegou a ser comentado é de que o motorista e a vítima possuíam algum tipo de inimizade e que o acidente não teria sido um acidente. Há algo de concreto nisso, o senhor já tem informações sobre o suposto caso?
Isso é uma circunstância que vai ser apurada nessa investigação. Como exemplo para as pessoas entenderem, quando começamos uma investigação é como se fosse montar um quebra-cabeça, então todas essas informações que nos chegam temos que checar. Então não temos essa informação de forma que seja formalizada como que havia entre eles algum tipo de desafeto. Durante a investigação nós iremos questionar isso para apurar.
A Cidade: O caso gerou também discussão sobre classes sociais com a alegação de que por ser filho de pessoas “ricas” o caso ficaria impune. Gostaria que o senhor comentasse sobre isso.
Nós vivemos em um estado democrático de direito. Temos passado por momentos na nossa democracia em que existem consequências, não é simplesmente colocar um juízo pessoal. A própria imprensa tem noticiado a consequência das pessoas que acham que não existe responsabilidade nesse país e é justamente ao contrário. Existem órgãos de controle em todas as esferas.
Falo, com toda a segurança, que tendo em vista essa repercussão, comoção que Votuporanga está vivendo, a responsabilidade nossa como uma das peças para a apuração é ainda maior. Fica aqui meu compromisso e da instituição que represento que esse acidente que causou essa desgraça será cabalmente apurado. Desde o domingo, a Polícia Civil de Votuporanga está diligenciando incansavelmente para apurar e levar ao poder Judiciário e ao Ministério Público o que causou esse acidente e todas as demais circunstâncias.