Traficante foi preso na terça-feira (28) durante uma operação da Polícia Federal que cumpriu mandados em Votuporanga e várias outras cidades
A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão e de prisão em Votuporanga em megaoperação contra o tráfico de drogas (Foto: Divulgação)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
A Polícia Federal, com o apoio da Polícia Militar, prendeu na manhã de terça-feira (28) um votuporanguense que é apontado como um dos líderes de um grupo criminoso que movimentou mais de R$ 50 milhões com o tráfico de drogas nos últimos dois anos. Ricardo Penquis Rodrigues, de 25 anos, foi um dos alvos da Operação Torre Eiffel, que foi desencadeada em Votuporanga e mais 13 cidades em São Paulo e mais dois estados.
A ação, que mobilizou 200 policiais federais para o cumprimento de 48 mandados de busca e apreensão, cinco de prisão temporária e 11 de prisão preventiva, tinha como objetivo desarticular a organização criminosa que atua no tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em Votuporanga, Jales, Santa Fé do Sul, São José do Rio Preto, Monte Aprazível, Rio Claro, Piracicaba, Americana, Sumaré, Santa Bárbara D’oeste e Guarujá em São Paulo, além de Camboriú em Santa Catarina e Catuti em Minas Gerais.
Em Votuporanga foi preso temporariamente (por 30 dias) o empresário Edson Carlos Cardoso, popularmente conhecido como Pattola. Ele é proprietário de uma revenda de veículos na Avenida João Gonçalves Leite (Avenida do Assary), onde inclusive foram cumpridos também mandados de busca e apreensão de alguns veículos.
Conforme a Polícia Federal, Pattola manteve movimentações financeiras com Ricardo Penquis, que foi preso na cidade de Balneário Camboriú/SC, mas que administrava de lá vários pontos de vendas de drogas em Votuporanga. Ricardinho, aliás, como é conhecido, foi apontado como um dos cabeças da organização criminosa.
“O grupo tem praticamente dois cabeças, um atuava aqui na região e na região de Piracicaba e o outro em Balneário Camboriú, de onde ele comandava o tráfico de drogas em Votuporanga. Ele tinha um comércio fachada de aluguel de jet-ski, mas a rentabilidade toda dele era do tráfico de drogas, mais especificamente em cocaína”, explicou o delegado federal Marcos Morini, responsável pelas investigações.
Além dos dois votuporanguenses, em Santa Fé do Sul, a PF identificou pelo menos duas empresas suspeitas (um hotel e um centro de beleza estética) que foram adquiridas pelo líder do grupo para a lavagem de recursos provenientes do tráfico de drogas. A esposa dele figura como sócia no CNPJ destas empresas, que tinham movimentação financeira atípica suspeita. Dois homens foram presos nesta cidade.
No município de Jales, as investigações demonstraram que o grupo tinha integrantes que “lavavam” os recursos financeiros ilícitos do tráfico em empresas de mototáxi e em um restaurante, além da prática de agiotagem e compra e venda de imóveis e veículos de luxo. Dois empresários foram presos.
De acordo com as investigações, o núcleo de distribuição de drogas foi identificado como sendo a região de Piracicaba, Americana e Santa Bárbara d’Oeste/SP, região de origem do líder do grupo, que mudou a gestão da organização criminosa para Santa Fé do Sul há pelo menos dois anos. Há poucos meses, após a apreensão de alguns carregamentos de drogas, ele mudou novamente de endereço para um condomínio de luxo em São José do Rio Preto onde foi preso junto de sua esposa.
Estima-se que somente nos últimos dois anos, o grupo movimentou mais de R$ 50 milhões em transações financeiras, mobiliárias e imobiliárias relacionadas ao tráfico de drogas utilizando contas de empresas adquiridas pelo líder do grupo bem como em contas de “laranjas” da organização criminosa na compra e venda de bens móveis e imóveis.
Dentre as formas de “lavar” o dinheiro do tráfico de drogas foram identificadas movimentações financeiras relacionadas a centros de beleza e estética, hotéis, concessionárias de revenda de veículos, empresas de mototáxis, açougue, supermercado, compra e venda de bens móveis, imóveis, entre eles uma cobertura no litoral, jet-skis, lanchas, joias, veículos de luxo e até mesmo o patrocínio de um time de futebol da região de Americana/SP.
As investigações também demonstraram a relação do líder do grupo com integrantes de facções criminosas. Entre os presos está a esposa do líder do grupo, que é advogada e acredita-se que ela utilizava a sua prerrogativa para atender aos interesses do marido e da organização criminosa principalmente relacionadas a alguns detentos vinculados ao grupo, que estão no sistema prisional paulista. Estas e outras informações serão aprofundadas com a continuidade das investigações.
Entre as buscas e apreensões autorizadas pela Justiça Estadual de Santa Fé do Sul foram apreendidos diversos veículos de luxo, cerca de R$ 250 mil em dinheiro, joias, embarcações, e armas de fogo, inclusive de grosso calibre. Também houve a determinação de bloqueios de contas bancárias e sequestro de imóveis urbanos e rurais relacionadas aos investigados e empresas identificadas durante as investigações.
A maioria das apreensões das drogas do grupo durante as investigações foram realizadas em Votuporanga e o principal entorpecente distribuído em pontos de vendas de drogas é a cocaína.
Os presos responderão por vários crimes relacionados ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro com penas máximas culminadas de até 30 anos de reclusão. Os presos foram conduzidos para unidades prisionais da região em que foram detidos. O material apreendido foi levado até a sede da PF em Jales, responsável pelas investigações, para serem analisados no interesse das investigações, que vão prosseguir objetivando identificar outros indivíduos envolvidos na organização criminosa.
Defesa diz que transações comerciais motivaram prisão de empresário da cidade
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Procurada pelo jornal A Cidade, a defesa do empresário Edson Carlos Cardoso (Pattola), que é comandada pelo advogado Júlio César Rosa, afirmou que ainda não possui muitas informações sobre o caso, pois o processo tramita em segredo de justiça. No entanto, segundo ele, a informação que lhe foi passada na delegacia é que algumas transações comerciais entre o seu cliente e um dos suspeitos teria chamado a atenção das autoridades e levado a prisão para averiguações.
“O Pattola vendeu dois ou três veículos para uma das pessoas que está sendo investigada nessa operação e como houve essa venda ele está ali no meio de tudo isso. Mas pelo o que o próprio delegado disse, não há nenhuma conversa de ele esteja envolvido com o tráfico de drogas, ele é investigado no aspecto de lavagem de dinheiro, em nenhum momento se cogitou algo sobre drogas, mas assim que tivermos acesso ao processo nós voltamos a falar”, disse o advogado.
A redação também conversou com o advogado Douglas Fontes, que patrocina a defesa de Ricardo Penquis, mas o criminalista afirmou que não poderia se manifestar, pois ainda não tinha recebido acesso aos autos da investigação.