Segundo a mulher, medicamentos não são suficientes para controlar o rapaz de 29 anos; medida foi tomada para evitar as autoagressões do filho
Mãe mantém filho autista acorrentado para evitar autoagressões em Fernandópolis (SP) (Foto: Marisa Padilha/Arquivo Pessoal)
Os ferimentos na pele provocados pela correntes, uma "companheira" diária na rotina de um rapaz de 29 anos, são visíveis. Há 13 anos, essa é a única alternativa encontrada por uma mãe de Fernandópolis para evitar as autoagressões do filho, que sofre de autismo.
Para tentar dar um fim ao sofrimento de André, Marisa Padilha, de 47 anos, gravou um vídeo em que pede ajuda para o rapaz, que vive acorrentado desde os 15 anos, segundo ela. "Por misericórdia, esse é o apelo de uma mãe. Não sei mais o que fazer."
A família mora na cidade com pouco mais de 67 mil habitantes e afirma que já tentou vários tratamentos para amenizar os surtos de André, mas, até então, nem os medicamentos ou qualquer tipo de terapia causaram efeito.
Na gravação, Marisa diz que não aguenta mais ver o filho acorrentado e pede ajuda para um possível diagnóstico diferente do autismo.
Sem controle
Marisa afirma que precisou deixar de trabalhar para cuidar do filho, que começou a apresentar alterações no comportamento aos 10 anos. André chegou a ser internado, começou a tomar a medicação indicada pelo médico, mas não teve a reação desejada.
Aos 15 anos, André passou a ficar isolado e agressivo, foi neste momento que a mãe decidiu usar a corrente.
Ela conta que fez a gravação com o objetivo de que um especialista a oriente sobre o diagnóstico do filho. “Toda e qualquer ajuda para a nossa família é bem-vinda, mas hoje procuro por um especialista para que a gente faça um exame mais específico. Nós não temos condições de arcar com os custos.”
Apoio Segundo Marisa, o Centro de Referência em Assistência Social (CREAS) da cidade já acompanhou o caso de André, mas, hoje ele recebe apoio do Centro Atenção Psicossocial (CAPS II).
Em nota, a prefeitura de Fernandópolis confirmou os acompanhamentos do jovem e afirmou que todas as questões judiciais constam no laudo do paciente junto ao CREAS.
Confira a nota na íntegra: “O caso de André Padilha já foi acompanhado pela Secretaria Municipal de Saúde, através do CREAS (Centro de Referência em Assistência Social), por anos. Em decorrência do paciente sofrer traumas durante internações, foi determinado pelo juiz que o tratamento dele fosse realizado em sua residência, restrito para proteção do mesmo e recebendo apoio em relação ao tratamento do CAPS II (Centro Atenção Psicossocial). Todas essas questões judiciais constam no laudo do paciente junto ao CREAS.
O atendimento do paciente, diagnosticado com autismo, é feito através do acompanhamento com visitas domiciliares mensais para entrega das medicações, aferição dos sinais vitais, pesagem e avaliação do quadro mental. Recebe também visita médica de acordo com a necessidade e alterações do quadro. A mãe não apresenta relatos de queixas de alterações no quadro para equipe e não comparece nas reuniões familiares no CAPS II. Ela recebe orientação durante visitas domiciliares.
As medicações do paciente são para o controle da agitação e agressividade, porém, ele sempre apresentou pouca evolução. Uma nova visita médica será feita ao paciente na próxima semana. A família recebe auxílio do CRAS.”
Fonte: G1