Empresária desmaiou e ficou quatro dias internada após ser atingida em uma das mamas por garrafa pet de dois litros (Foto: Guilherme Baffi/Diário da Região)
A cada 24 horas, três medidas protetivas são emitidas pela Justiça em favor das vítimas de violência doméstica em Rio Preto, reflexo do crescente número de violência contra as mulheres. Somente nesta semana, uma mulher perdeu quatro dentes ao ser esmurrada pelo marido e outra desmaiou e ficou internada ao ser violentamente atingida por uma garrafa pet em um dos seios pelo ex-namorado.
Como os crimes ocorreram a noite, a Delegacia de Defesa da Mulher não registrou boletim de nenhum dos casos. A ida na DDM é fundamental para solicitação da medida protetiva, ordem judicial que obriga o agressor a ficar no mínimo 100 metros de distância da vítima.
De janeiro a maio foram emitidas 439 medidas protetivas. No mesmo período, 745 foram atendidas na Secretaria da Mulher. Sete delas tiveram de ser escondidas na Casa Abrigo porque corriam risco de ser mortas pelos agressores.
Para facilitar o socorro às vítimas, agora as mulheres poderão usar farmácias para fazer denúncias. A campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica foi lançada no quarta-feira, 10, numa parceria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
"A campanha Sinal Vermelho é significativa, porque farmácia é um estabelecimento que está em todos os bairros. Vamos capacitar os colegas, para como eles devem agir e acolher essas vítimas", disse Marcos Machado, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.
Nesta parceria, basta que a mulher faça sua denúncia silenciosa, ao mostrar um xis desenhado em vermelho na palma de uma das mãos, para que o balconista acione imediatamente a Polícia Militar. Quem já poderia ter se beneficiado é uma comerciante de 39 anos que desmaiou ao ter um dos seios atingido por uma garrafa pet de dois litros de refrigerante, arremessada pelo ex-namorado, na noite de segunda-feira, 8, no bairro João Paulo 2º. A agressão rompeu a prótese.
"Eu tinha terminado com ele há cinco meses, mas meu ex não aceita. Ele me atacou quando fui levar o pagamento de uma funcionária. A agressão foi tão forte que atingiu a prótese mamária que tenho em um dos seios", disse a vítima que saiu da internação na quinta, 11. Devido o feriado, ela só vai conseguir pedir medida protetiva na segunda-feira, 15, na Delegacia de Defesa da Mulher.
A presidente do conselho municipal dos direitos das mulheres de Rio Preto, Sônia Paz, acha fundamental criar mais formas da mulher denunciar. "Essa medida já foi implantada em estados do Nordeste. Quando ela está na farmácia, ela pode avisar que ela está em perigo sem que o agressor perceba, que em geral, não deixa ela ficar sozinha", comenta a líder feminista.
Segundo o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, os funcionários de farmácias começarão a ser treinados a partir da próxima semana, mas a adesão a campanha será facultativa a cada dono de drogaria.
*Diário da Região