A Secretaria de Saúde de Rio Preto fez parceria com a Associação e Fraternidade Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus (Foto: Guilherme Baffi/Diário da Região)
A taxa de ocupação dos leitos das unidades de terapia intensiva (UTI) na região de Rio Preto chegou a 74,6%, conforme a Fundação Seade.
Essa é a segunda maior taxa desde o início da pandemia. A taxa de pacientes em leitos é um dos fatores levados em conta pelo governo do Estado para determinar em quais faixas as cidades se encaixam - se continuarem crescendo, Rio Preto poderá ser levada para a fase vermelha.
A Santa Casa de Rio Preto disponibilizou mais 14 leitos de enfermaria nesta sexta-feira, 17, e seis deles já estavam ocupados. Na UTI, havia duas vagas que estavam sendo "reservadas" para caso o quadro de algum dos pacientes da enfermaria se agravasse. "A grande maioria dos pacientes chega grave. A prevalência é o idoso, mas tem gente de toda faixa etária", arma Valdir Furlan, administrador do hospital.
No Hospital de Base, a ocupação da UTI cresceu. "A gente continua nesse pico mais elevado, acredita que esteja no pico da epidemia", pontua Amália Tieco, diretora-administrativa do HB.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Rio Preto, havia na quinta-feira, 16, 301 moradores da cidade internados com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em hospitais públicos e particulares da cidade. Desses, 175 (58,1%) estavam com coronavírus conrmado. No restante, a doença ainda estava sendo investigada ou havia sido descartada, mas havia problemas pulmonares graves que demandaram hospitalização.
Dentre os 301 internados, 176 estavam em enfermaria e 84 em UTI. De acordo com Andreia Negri Reis, gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica de Rio Preto, um paciente com coronavírus ocupa, em média, um leito de alta complexidade por nove dias. "Por isso que a gente tem muita preocupação. Não tem uma grande rotatividade. Se os números de casos continuarem aumentando dessa forma, as nossas taxas de ocupação vão aumentar ainda mais, correndo o risco de termos uma ocupação em que a gente não consiga manter esses
pacientes nos hospitais, até precisar de um suporte na região", pontua.
Caso faltem vagas em Rio Preto, os pacientes podem ser transferidos para a região, por meio da Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), regulada pela Secretaria de Estado da Saúde. A partir da próxima semana, devem começar a funcionar 20 leitos de UTI, além de leitos de enfermaria, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Jaguaré.
A Secretaria de Saúde de Rio Preto fez parceria com a Associação e Fraternidade Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus, em Jaci, cujo hospital também está recebendo pacientes rio-pretenses. Na terça-feira, 21, dez leitos de UTI serão disponibilizados e há previsão de que nas próximas semanas sejam montados mais dez. Nesta sexta-feira, 17, havia 13 moradores de Rio Preto na enfermaria.
O problema é que as cidades da região também estão lotando, com aumento constante da ocupação. "A instituição passou a solicitar a transferência de pacientes de enfermaria para outras instituições de referência, que são indicadas pela Cross, como Rio Preto, Jales e Novo Horizonte", informou nesta sexta-feira a Santa Casa de Votuporanga. O Hospital Padre Albino, em Catanduva, classicou a situação nesta semana como "preocupante".
Medicamentos em falta
Além da crescente ocupação dos leitos, outra preocupação enfrentada pelos hospitais é a falta de relaxantes musculares e sedativos,
essenciais para os pacientes intubados. Falta matéria prima para produção desses medicamentos, então os fornecedores não conseguem atender a demanda. Os hospitais cancelaram cirurgias eletivas e estão atendendo apenas urgência e emergência."Os fornecedores estão tendo que vender para o Estado, que está distribuindo. O paciente de Covid usa duas a três vezes mais sedativos e relaxantes musculares que outro, e nossa média de internação é de 20 a 30 dias", diz Amália Tieco, diretora do HB. "Como estamos com uma média de cem pacientes, estamos trabalhando com um estoque super baixo e a situação está muito complicada."
Segundo Valdir Furlan, a Santa Casa recebeu um pouco de remédios do Ministério da Saúde. "Dá para uns 15 dias", diz. A Santa Casa de Votuporanga informou que recebeu quantidade bem menor do que esperava. "O hospital permanece em busca de fornecedor com disponibilidade a pronta entrega", disse em nota. (MG)
*Diário da Região