Com a decisão, adolescente de 12 anos, que estava com a avó, retorna para a casa da mãe
Mãe da menina contratou advogado para tentar recuperar a guarda da filha (Foto: Reprodução/TV TEM)
A Justiça de Araçatuba (SP) revogou na noite desta sexta-feira (14) a guarda provisória concedida para a avó de uma menina de 12 anos. A mãe da adolescente perdeu a guarda da filha depois que foi denunciada por maus-tratos por levar a garota em um ritual de iniciação no candomblé.
Na decisão, o juiz determina que a garota deve ser entregue imediatamente à mãe. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) atestando que não constatou lesões e o depoimento da menina foram citados pelo magistrado.
O caso foi registrado no dia 23 de julho depois de uma denúncia de que a adolescente estaria sofrendo maus-tratos em um terreiro.
De acordo com o boletim de ocorrência, policiais foram ao local e encontram a adolescente tranquila, sem lesão ou hematoma aparente. Ela trajava roupas brancas, que remetem à religião, e estava com os cabelos raspados.
Questionada, a menina informou que estava passando por um tratamento espiritual e que não sofreu nenhum tipo de maus-tratos. A mãe dela também confirmou a informação e disse que a raspagem dos cabelos fazia parte do processo de iniciação do candomblé.
A garota, então, passou por perícia no Instituto Médico Legal (IML) para constatação do corte de cabelo, o que o delegado de plantão entendeu como uma forma de lesão corporal. Desde então, por ordem da Justiça, ela estava morando com a avó materna.
Voltar para casa
Em entrevista, a mãe da menina informou que contratou um advogado para fazer com a filha voltasse para a casa e disse que a filha foi retirada do terreiro depois de sete dias do início do ritual, que normalmente costuma durar 21 dias.
Durante o período em que permaneceu no terreiro, a menina se alimentou com comida saudáveis, passou por uma limpeza espiritual, recebeu banho de ervas e participou de orações, informou a mãe.
“Minha menina é médium. Ela tinha muitas visões. Eu sabia que um dia iria aflorar nela. Aflorou já tem um tempo pelas visões, dores de cabeças constantes. Eu tentei segurar o máximo que pude. Por ela, ela tinha feito a iniciação a muito tempo atrás”, contou.
Kate também contou que ficou com a filha o tempo todo, inclusive dormiu no terreiro para acompanhá-la e que não a abandonou em nenhum minuto.
"O Brasil precisa ver que existe o racismo. Minha filha vai fazer 13 anos em outubro. Ela tem uma vida, escola, amizades, tudo”, complementou Kate.
Protesto
O caso ganhou repercussão nacional. Nesta quinta-feira (13), moradores de Araçatuba se reuniram e fizeram um protesto pacífico contra a intolerância religiosa.
O ato começou na frente do Conselho Tutelar, por volta das 16h. Em seguida, os manifestantes seguiram para a Praça Rui Barbosa, onde continuaram reunidos.
A Polícia Militar acompanhou o ato e interditou algumas ruas para a segurança dos moradores.
*G1