Depois da morte do estilista, o município quer prestar homenagem ao seu ilustre ex-morador
Cibeli Moretti
cibeli@acidadevotuporanga.com.br
Como forma de aflorar o turismo regional, o município de Floreal, através do Fórum Granlagos, com sede em Votuporanga, está resgatando a história do município, o mesmo onde morou o estilista, apresentador de TV e deputado federal Clodovil Hernandes. O que antes pertencia apenas aos moradores de Floreal agora ganha importância regional e quem sabe até nacional.
A pesquisa, coordenada por Procópio Davidoff, inclui até agora, início da pesquisa, 35 entrevistas com moradores que tiveram ligação direta ou indireta com Clodovil durante sua infância e adolescência. Segundo Evandro, o registro de nascimento do estilista indica que ele nasceu em Elisiário, mas moradores afirmam que ele foi levado pelos pais para Floreal logo depois do nascimento, onde permaneceu até os 18 anos.
Um de seus amigos de infância e ainda vivo, o senhor Lino Borelli, conta que Clodovil gostava de estudar em cima de um pé de carambola que tinha nos fundos de sua casa e que aprendeu o ofício de costurar com sua mãe adotiva, Isabel Hernandes, que costurava vestidos de noiva.
Outros amigos que conviveram com ele na infância, como Iraci Boracini e Neide Docussi contam que ele desde pequeno já era bem espevitado e sempre gostava de tomar a frente das coisas.
"É assim que vamos juntando as peças de um quebra-cabeça, com histórias que enriquecem o município", diz a chefe de divisão de Educação e Cultura do município e também colaboradora do projeto, Elza Teresa Vicentin Francisco.
Para Elza, a criação de um museu na cidade é mais do que fazer um resgate histórico, é se preocupar com o legado que os moradores deixarão para as futuras gerações. "Assim como outros importantes momentos da cidade, Clodovil não poderia ficar de fora, pela sua importância e reconhecimento nacional.
Outro grande achado foi um antigo fotógrafo da cidade, que tem guardadas grandes relíquias da infância de Clodovil.
Evandro conta que a mãe biológica do artista era muito pobre, por isso não teve condições de criá-lo e o doou para uma irmã, Isabel. O prédio onde ficava a loja de tecidos do pai adotivo de Clodovil, Domingos Hernandes e também a casa onde a família morou ainda permanecem intactas na cidade. "A pesquisa está sendo interessante. A história da colonização da cidade por italianos, espanhóis e russos se contrasta com a vida de Clodovil Hernandes. Ainda temos muito a descobrir", conta Evandro.
Depois da morte, Clodovil desperta interesse de fãs e pesquisadores
Há duas semanas, o "Programa do Gugu" deu bons índices de audiência para a Record. É que Gugu abriu ao vivo um cofre que achou jogado na casa que pertencia a Clodovil, em Cotia, na Grande São Paulo. Dentro do cofre havia alguns documentos antigos; vários botões que pareciam ser banhados a ouro e um cheque datado de 1982, do banco Noroeste, nominal ao costureiro, no valor de alguns milhões de cruzeiros, que nunca chegou a ser descontado.
Na matéria de Gugu, o público descobriu que na verdade o nome de registro de Clodovil é Clodovir Hernandez. Isso foi comprovado quando Gugu mostrou um dos passaportes do ex-deputado e apresentador. Os bens de Clodovil estão todos bloqueados pela Justiça e fazem parte de um espólio que está sendo administrado pela advogada Maria Hebe. Antes de morrer, Clodovil fez um testamento no qual queria fazer uma fundação para cuidar de meninas carentes e dar suporte a elas desde a infância até quando chegarem à maioridade. Na verdade, Clodovil não deixou muitos bens. De acordo com que a advogada afirmou ao vivo no programa da Record, faz parte do espólio uma casa em Cotia, muito bonita por sinal, e uma casa em Ubatuba, no litoral paulista, construída no meio da Mata Atlântica, um verdadeiro paraíso. E ainda duas ações contra uma emissora que estão sendo julgadas pela Justiça. Daí que viria o dinheiro para fundar a Casa Clô. Antes de tudo tem que pagar algumas dívidas, que pelo jeito tem um valor considerável e o que sobrar será investido para a realização do último desejo de "Clodovir".
Forum Granlagos descobre potencial turístico na região
O Granlagos (Fórum Permanente de Turismo na Região Grandes Lagos) foi criado no ano passado como forma de unir as lideranças do setor de turismo e planejar novos rumos para o turismo regional. Trata-se de um espaço democrático que serve como instrumento de comunicação, reflexão, debate, articulação, para solucionar dúvidas e problemas, exposição de idéias, opiniões e sugestões. Os integrantes do Fórum reúnem-se, pelo menos uma vez por mês, em municípios alternados para integrar e fomentar as ações que buscam o desenvolvimento sustentável da região.
Para a coordenadora do Fórum, Karina de Moraes, o surgimento desta ação trouxe a tona diversas potencialidades turísticas em toda a região, como no caso da cidade de Floreal, que está descobrindo seu potencial para o turismo e resgatando sua história. "Assim como Floreal outras 25 cidades, que intergram o Fórum atualmente, estão exercitando o turismo local, como forma de renda, geração de emprego, entretenimento e informação", explica.
Karina conta que, recentemente, em Meridiano, a 10 quilômetros de Fernandópolis, conheceu a senhora Geni, que faz de sua casa um depósito de souvenirs, tudo muito organizado de forma simpática e agradável. Karina vê o ponto como potencial de turismo local. "Nosso objetivo é criar o hábito do turismo regional em moradores da própria região, que invista aqui e divulguem lá fora".
"Temos também um casa em Sebastianópolis do Sul onde moradores acreditam que brote água santa, com poder de cura", conta a coordenadora.
Assim como essas histórias, muitas outras vão surgindo por iniciativa pública ou privada, mas com um só objetivo, o de fortalecer ainda mais a região Grandes Lagos e despertar seu imenso potencial turístico.