Uma boa novela tem que ter romance e drama, mas se não tiver um elenco afinado entre si, nada acontece
?O sucesso de uma novela depende de algumas coisas, como por exemplo um bom enredo e um elenco que dê conta de passar para o telespectador aquilo que autor criou para cada um dos seus personagens. Isso na teoria, porque quem gosta de assistir novelas já viu que nem sempre esta combinação funciona. Bons textos e bons atores já amargaram baixos índices de audiência, haja vista, mais recentemente, "Viver a Vida" e "Tempos Modernos", da Globo, e por que não dizer "Uma Rosa Com Amor", do SBT.
A performance dos atores em cena é que faz a história, é quem provoca o riso ou o choro no telespectador. Muitas vezes o que determina o fracasso de uma produção é a mistura de atores, a tal "química" que não acontece e põe uma história boa a perder.
Felizmente o público fã das telenovelas tem sido brindado com um verdadeiro show de interpretação em "Passione", da Globo, e em "Ribeirão do Tempo", novela da Record que se tem se mostrado uma das melhores produções dos últimos tempos. É daquelas novelas que se tem vontade de acompanhar, de saber o que vai acontecer no capítulo seguinte.
"Ribeirão do Tempo"
O autor Marcílio de Morais já mostrou que a cidade de Ribeirão do Tempo esconde muitos mistérios, um deles é a própria Madame Durrell, interpretada por Jacqueline Laurence. Quem será o tal filho perdido?
Tem figura mais enigmática do que o Professor Flores, feito com enorme competência pelo ator Antônio Grassi?
E o que dizer de André Di Biasi na pele do prefeito Ari Jumento, o ator consegue driblar as expressões confusas e o Português duvidoso de seu personagem com muita desenvoltura, bonito de se ver.
Uma revelação tem sido Caio Junqueira. Ele pertence a uma família de artistas; seu pai é o saudoso Fábio Junqueira que morreu em 2008 e é irmão de Jonas Torres, que fez enorme sucesso vivendo o Bacana, de "Armação Ilimitada" exibido na década de 80.
"Passione"
"Passione", escrita por Sílvio de Abreu, também tem um bom enredo, é cheia de mistérios e personagens interessantes interpretados por gente de talento.
Algumas cenas são dignas de serem relembradas, como aquela em que Bete (Fernanda Montenegro) se encontrou com Gemma (Aracy Balabanian) na Itália. Forte e cheia de emoção à altura dos dois ícones que a fizeram. Emocionante também foi o encontro de Bete e seu filho Totó, papel de Tony Ramos, quem viu prendeu a respiração diante do drama e da força daquele momento.
Ainda na trama global, uma atriz que está tendo todo o reconhecimento que sempre mereceu é Daisy Lúcidi que interpreta Valentina, uma mulher vulgar que obriga a neta menor de idade a prostituir-se. As cenas protagonizadas por Daisy Lúcidi e Mariana Ximenes que dá vida a Clara, uma das netas de Valentina, são dramáticas e carregadas de ressentimento, são cenas fortes e que refletem uma realidade muito cruel que está bem debaixo dos nossos olhos.
Romantismo e até uma certa ingenuidade são os irmãos Agostina (Leandra Leal) e Agnello (Daniel de Oliveira). Os dois personagens são muito passionais, vivem o amor intensamente e isso transparece de modo natural e com sotaque italiano delicioso de se ouvir. Ponto para os dois atores.
Como se vê, os folhetins continuam sendo um bom entretenimento e, apesar da enorme oferta de atrações na televisão, ainda reinam absolutos na preferência do telespectador.