Da Redação
Hoje, dia 12 de agosto, acontece a abertura oficial do Ano Internacional da Juventude, proclamada pela ONU (Organização das Nações Unidas). O tema escolhido, "dialogo e entendimento mutuo", vai ser o passo de fundo das discussões e iniciativas que surgirão, tanto em âmbito social como religioso.
Estatística feita pela ONU diz que a população mundial é formada por aproximadamente 20% de jovens entre 15 e 24 anos. Teríamos, portanto, numa população de mais de cinco bilhões de seres humanos, aproximadamente 870 milhões de jovens no planeta Terra. Estima-se também que os países mais pobres tem no planeta mais de 1 bilhão de jovens enquanto os países ricos tem no maximo 200 milhões. Há, portanto, mais jovens pobres que ricos no planeta Terra. Para
cada jovem gozando de algum conforto há 4 jovens em estado de penúria onde faltam oportunidades.
Para o Pe. Silvio Roberto, boa parte deles se aliena e se encastela num mundo particular e todo seu, cheio de festas, aventuras, danças, baladas, novidades, risos, algazarras, barulho, divertimentos, canções, ídolos e modismos que mudam sempre. Outra parte da juventude carrega o fél e a revolta de sofrimentos terríveis e opta pelo desprezo ao mundo, à vida e à ordem estabelecida. Machucam-se no ódio, na violência, no sexo e nas drogas e machucam também os outros que ousem interferir em seus caminhos. Por outro lado, há os que sonham com uma nova era de bondade e amor sobre a terra. Alguns chegam mais perto de Jesus Cristo, de São Francisco de Assis e outros optam pelas associações, ação social, igrejas, instituições beneficentes, clubes de serviço ou cultural, onde expandem seus dons e talentos, muitas das vezes os vemos mergulhados na droga, no sexo, na violência, no desespero de seitas ou ideologias enganadoras e sedutoras, mas os vemos também nos seus sonhos de pureza, seus ciúmes, seus amores românticos, suas lágrimas de alegria ou seus gritos de ódio e angustias. Encontra-se de tudo na juventude.
O que é ser jovem?
A juventude é entendida como alguns anos que medeiam entre a inocência da infância e as responsabilidades da vida adulta? É difícil e complicado definir os jovens, exceto o tempo vivido por quem já viveu essa fase. "Ser jovem é o mistério — não ser mais criança e de ainda não ser adulto, e nem nunca querer sê-lo. Parece que com a juventude alguma coisa preciosa acaba, porque depois dela parece que a morte se aproxima. Na juventude, acredita-se que a inocência se foi, acabou a ingenuidade e ainda se sonham sonhos impossíveis. Cada jovem é diferente e cada geração é única. Os desafios não são os mesmos e as respostas não são iguais.
E é por isso que é muito mais fácil amar os jovens do que compreendê-los e talvez seja só isso que procurem: ser amados, mais do que compreendidos e definidos. Em resumo, ninguém é jovem para sempre e ninguém é jovem pelo tempo que deseja. Somos jovens exatamente o suficiente para perceber quando já não somos mais crianças e quando já entramos na idade de assumir para sempre alguma ou muitas vidas humanas.
O que esperar e pedir aos jovens?
Quando você pede um pouco do jovem ele não dá nada. Quando você pede muito ele dá um pouco. Mas quando você exige tudo, ele dá tudo!
Aquele jovem que é capaz de beber tanto, usar tanta droga, empinar moto, roubar, ser violento e de chegar aos extremos das proezas, se tiver oportunidades será evidentemente capaz de fazer florir as mais altas virtudes e proezas do amor. É preciso gritar aos jovens as verdade cristalinas. Sem essa de acusar a sociedade e os pais por todos os desvios da juventude. Já encontrei muitos jovens que causaram sua própria ruína; o egoísmo também ataca jovens de 18 anos e é bom que os jovens admitam isso. Numa sociedade onde se vive o fenômeno do consumismo e modismo é preciso alertar aos jovens da mania de comprar coisas novas, de marca e da moda pelo simples fato de serem novas e lhes dá status e não porque sejam necessárias. Vivemos na era do descartável. Quem aprende muito cedo a depender de muitas coisas não consegue depois viver com simplicidade e sem dependências. Exceção feita a alguns jovens que rejeitam esse tipo de civilização a grande maioria viver sob o valor do ter e poucos deles aprendem a ser.
Qual o maior problema da juventude?
Ao falar do maior problema da juventude pensa-se logo em drogas, sexo fácil, violência e falta de amor. A ONU em 1997, fez essa pesquisa no mundo todo e chegou a evidente conclusão que o maior problema da juventude atual é a prepotência: acham que sabem tudo, podem decidir tudo em suas vidas — o que usar, vestir, comer, seu horário, seus relacionamentos, seus prazeres, etc. Tudo isso sem conhecer o bom senso. Não conseguem, ao escolher ou decidir, enxergar as consequências. Não sabem fazer escolhas adequadas ou certas e pagam caro por isso. O mal uso da liberdade acarreta sérias consequências. Ninguém é livre para si mesmo se não existir o outro para quem e por quem eu me liberto.
Liberdade não é fazer tudo que quero, nem ir aonde desejo, mas sim o direito de tentar tudo isso sem sacrificar os que estejam no meu caminho. Por exemplo, sou livre quando atravesso a rua, não no momento em que quero, e sim, quando não há perigo nem para mim nem para o outro. Sou livre quando entendo que o limite me faz bem, porque faz bem ao outro. Sou livre quando paro no sinal vermelho, por mais pressa que tenha, a fim de que um outro que está de sinal verde possa passar primeiro. O jovem precisa aceitar limites. O vermelho que me segura é também a segurança daquele para quem o sinal é verde. E ele só poderá sentir-se livre, se
puder acreditar que eu aceitarei os limites do meu sinal vermelho. Quando o sinal me abrir passagem, só me sentirei livre se souber que o outro obedecerá aos limites do vermelho que agora o retém.
O jovem precisa entender que não é a grade, nem são as paredes, nem os blocos de pedra que lhe tiram a liberdade. O que o torna prisioneiro é a falta de uma chave. Por maior que seja o muro e por mais pesada que seja a porta, o jovem que tem a chave das escolhas certas e prudentes é sempre um homem livre.
Basta saber usá-la na hora e no momento certo. Aos jovens de agora, que vivem numa civilização de avançadíssima tecnologia e enorme progresso, vivendo num mundo de intensa comunicação, vigiados pela toneladas de satélites que controla os passos do seu povo e dos raios lazer, bombas e inúmeros atentados ameaçando o dia e noite nossa geração, é bom saber que o único bem a ser preservado é o nosso mundo interior, onde está o plug para conectar o equilíbrio da nossa vida e os passos que determinarão o nosso futuro.