"Independência ou morte", foi com este grito que Dom Pedro I rompeu laços com a corte portuguesa
Da Redação
Hoje, a parir das 8 horas, os alunos das escolas municipais participam de um Ato Cívico alusivo a comemoração da data em que foi decretada Independência do Brasil por Dom Pedro I. O Ato será na Concha Acústica "Geraldo Alves Machado". Na programação constam introdução e hasteamento das bandeiras com o canto dos hinos nacional, da independência e do município. Alguns grupos de alunos também farão apresentações para marcar a data.
Segundo estudiosos, a independência do Brasil, enquanto processo histórico, desenhou-se muito tempo antes do príncipe regente Dom Pedro I proclamar o fim dos nossos laços coloniais com Portugal às margens do rio Ipiranga. De fato, para entendermos como o Brasil se tornou uma nação independente, devemos perceber como as transformações políticas, econômicas e sociais inauguradas com a chegada da família da Corte Lusitana ao país abriram espaço para a possibilidade da independência.
A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi episódio de grande importância para que possamos iniciar as justificativas da nossa independência. Ao pisar em solo brasileiro, Dom João VI tratou de cumprir os acordos firmados com a Inglaterra, que se comprometera em defender Portugal das tropas de Napoleão e escoltar a Corte Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo antes de chegar à capital da colônia, o rei português realizou a abertura dos portos brasileiros às demais nações do mundo.
Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista como um primeiro "grito de independência", onde a colônia brasileira não mais estaria atrelada ao monopólio comercial imposto pelo antigo pacto colonial. Com tal medida, os grandes produtores agrícolas e comerciantes nacionais puderam avolumar os seus negócios e viver um tempo de prosperidade material nunca antes experimentado em toda história colonial.
A liberdade já era sentida no bolso de nossas elites. Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie de Assembleia Nacional que ganhou o nome de "Cortes". Nas Cortes, as principais figuras políticas lusitanas exigiam que o rei Dom João VI retornasse à terra natal para que legitimasse as transformações políticas em andamento. Temendo perder sua autoridade real, D. João saiu do Brasil em 1821 e nomeou seu filho, Dom Pedro I, como príncipe regente do Brasil.
No final de 1821, quando as pressões das Cortes atingiram sua força máxima, os defensores da independência organizaram um grande abaixo-assinado requerendo a permanência e Dom Pedro no Brasil. A demonstração de apoio dada foi retribuída quando, em 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro I reafirmou sua permanência no conhecido Dia do Fico. A partir desse ato público, o príncipe regente assinalou qual era seu posicionamento político.
Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras políticas pró-independência aos quadros administrativos de seu governo. Entre eles estavam José Bonifácio, grande conselheiro político de Dom Pedro e defensor de um processo de independência conservador guiado pelas mãos de um regime monárquico. Além disso, Dom Pedro I firmou uma resolução onde dizia que nenhuma ordem vinda de Portugal poderia ser adotada sem sua autorização prévia.
Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua relação política com as Cortes praticamente insustentável. Em setembro de 1822, a assembleia lusitana enviou um novo documento para o Brasil exigindo o retorno do príncipe para Portugal sob a ameaça de invasão militar, caso a exigência não fosse imediatamente cumprida. Ao tomar conhecimento do documento, Dom Pedro I (que estava em viagem, e naquele momento passava por São Paulo) declarou a independência do país no dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga.
O momento
A situação política tinha atingido um nível de tensão que se tornara insuportável, tanto pela radicalização das posições em Portugal quanto pelas agitações que se espalhavam pelo Brasil. D. Pedro, temendo perder o controle da situação, decidiu-se pela viagem a São Paulo para renovar o apoio da província a sua política. Durante a viagem, a Regência do Brasil foi assumida por sua esposa, D. Leopoldina Josepha de Habsburgo.
Inúmeras cartas chegavam de Lisboa exigindo o retorno de D. Pedro até que vieram novas ordens acompanhadas de ameaças de fazê-las cumprir pela força. Com todo ministério reunido, D. Leopoldina e José Bonifácio decidiram avisar o príncipe. Ela escreveu ao marido alertando que "medidas de água morna", nesse momento, só fariam piorar a crise com o Reino enquanto José Bonifácio organizava estratégias de defesa militar.
Os despachos de Lisboa acompanhavam as cartas que encontraram D. Pedro no caminho de volta, ainda em São Paulo, levadas pelo sargento-mor de milícia Antônio Ramis Cordeiro e pelo mensageiro Paulo Bregaro. Em seu breve repouso, antes de prosseguir para o Rio de Janeiro, D. Pedro leu as cartas e compreendeu que só poderia contar com duas saídas: voltar para Portugal e submeter-se às Cortes ou romper com elas, cortando laços de três séculos. Para que testemunhassem a sua escolha, reuniu a guarda de honra, o padre Belchior Pinheiro de Oliveira, o secretário Luís Saldanha da Gama, o secretário particular Francisco Gomes da Silva, o major Francisco de Castro Canto e Melo e os criados João Carlota e João Carvalho e, às 16h30 horas do dia 7 de setembro de 1822, proclamou a sua decisão: a Independência do Brasil.
Ao contrário de todo romantismo a respeito deste ato, D. Pedro não usava trajes de gala na ocasião, tampouco montava um magnífico cavalo. Vestia, sim, trajes sujos de viagem e era transportado por uma mula.