Cibeli Moretti
cibeli@acidadevotuporanga.com.br
Existem exemplos diários de solidariedade, em que a sociedade civil assume o papel do Estado e se mobiliza para melhorar a vida do seu próximo. São contribuições nas áreas da educação, saúde, assistência, esporte e muitas outras. O jovem Marcelo Biorki, 29, é um desses exemplos. Ele e mais um grupo de companheiros, parte do grupo "Shekinah Rap" realizam neste final de semana, dia 11, o evento "Hip Hop VS Fome", que além de reunir os artistas da cultura Hip hop de Votuporanga e região, tem o objetivo principal de arrecadar alimentos para
famílias carentes da cidade. "Conheço uma realidade, aqui em Votuporanga, que parece distante para muita gente - já vi mães na periferia dando água morna para tapear a fome de seus filhos por não ter o que dar de comer", conta.
O "Hip Hop VS Fome" acontece neste sábado, a partir das 20 horas, na sede da Igreja Shekinah (Rua Itacolomi, 3465). A entrada será 1 quilo de alimento não perecível.
O mesmo evento, com o mesmo objetivo, aconteceu em Votuporanga há 11 anos. O intervalo de tempo entre um e outro, na opinião do rapper, se dá principalmente pela diluição do movimento hip hop em Votuporanga nos últimos anos. "Já vi grandes eventos organizados pelos artistas do movimento, e que contribuíam principalmente na politização da população jovem das periferias da cidade. Hoje, porém, não existem mais", opina. Interessados em fazer doações, mesmo que não forem ao evento podem ligar para 8157-6620. A meta do grupo é arrecadar 500 quilos de alimentos.
Projeção nacional
Atualmente, o grupo Shekinah Rap é formado por Biorki (vocal e letras) e Marcelo Guerche, mais conhecido como DJ Morgado (produtor e DJ). A formação aconteceu em 1999 com mais integrantes, que foram ficando pelo caminho. Em 2006, o grupo lançou o disco "Mais que poesia", com tiragem inicial de duas mil cópias. O disco tem 16 músicas, todas compostas por Biorki.
No primeiro trabalho, o as músicas caíram nas rádios de São Paulo e o clipe de uma das músicas acabou entrando na programação de clipes da MTV (veja o clipe em www.myspace.com/shekinahrapbrasil). O clipe foi gravado no inacabado prédio da Casb, em Votuporanga. "O vídeo, depois que entrou na MTV, deu uma projeção que o grupo não esperava. Somos convidados para tocar em diversos lugares, como recentemente, em um dos palcos do Playcenter (um dos parques de diversões mais visitados do país)", conta. Uma platéia de mais de quatro mil pessoas assistiu ao show do grupo. "Os anos passam e trazem com eles mudanças, transformações e é claro, melhorias, quando um trabalho se mostra sério e com propósito", diz.
Biorki conta que o nome Shekinah Rap (A Glória do Senhor manifesta no Ritmo e Poesia) tem a cada dia aparecido na lista dos nomes que carregam a marca de um trabalho de peso, sendo reconhecido nas mais diversas vertentes dos estilos que compõem o Rap no Brasil.
"Reconhecimento dado principalmente ao fato de que o grupo traz consigo um aspecto infelizmente em decadência no mercado: o conceito".
Apesar da projeção nacional que o grupo ganhou, há mais de um ano Votuporanga não sedia uma apresentação da dupla. "Para Biorki, o movimento hip hop, de maneira geral nasce, principalmente, das periferias, e deve ser entendida como a voz daquele povo", diz. A sociedade em geral, tem um visão equivocada deste tipo de arte. O movimento é visto de forma marginalizada, que a sociedade insiste em repudiar", diz.
Rimas de Sangue
O segundo álbum do grupo - Rimas de Sangue - fala do sangue derramado nas ruas que tem assolado a humanidade, hora distante, quando vemos nos noticiários, hora próximo demais, quando atingem nossas famílias com tragédias que poderiam e podem ser evitadas.
Participações especiais dão um brilho único ao álbum, entre elas, Pop Black em 'Firme Na Missão', Lito Atalaia em 'Start', DJ Jamaika em 'Não Tem Mais Desculpa', Renan (Inquérito) em 'É Por Você', Fex Bandollero em 'Quero Sonhar', SL e Bruna (Missão Resgate) em 'Por Que Jesus Chorou?', e Bruna Dias em 'A Mãe, o Filho, e as Grades', voz que marcou em 2007 com a interpretação em 'O Choro de Uma Mãe'. São 17 faixas de conteúdo lírico forte, beats e samples compostos com a essência e swing dos sons das ruas, características nos atuais
trabalhos do selo RimaCruz.
RimaCruz
Dentro do campo de expansão do grupo, Biorki e Marcelo Guerche encabeçam também o projeto ligado ao "Shekinah Rap" denominado RimaCruz. Trata-se artisticamente de um selo de qualidade que leva o nome de seu estúdio musical e que por outro lado prepara e direciona grupos que se dispõe ao trabalho evangelístico nas ruas e consolidação de jovens nas igrejas, usando como ferramenta o Rap.
De forma geral, o crescimento de todo o trabalho é notório, visto que nessa última fase nota-se a grande expectativa do seu já conquistado público sobre o disco Rimas de Sangue.
"Queremos algo que some ao Rap Nacional, porém buscamos algo que acrescente também e traga novidades ao nosso movimento Hip Hop" diz Marcelo Guerche.
"Sabemos qual o tamanho da necessidade que os adeptos do movimento têm de ouvir algo que vá muito além de simples protestos e que infelizmente muitas vezes se tornam ataques inúteis. Vemos os resultados nas ruas, o Hip hop precisa de uma real solução", acrescenta Biorki, frisando a proposta do grupo.
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