Luiz Gustavo de Oliveira Lourenço, de oito meses, nasceu prematuramente e já passou por cinco cirurgias
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
Fé, amor e desafio à medicina. Substantivos que são frequentes na história do bebê Luiz Gustavo de Oliveira Lourenço, de oito meses, que nasceu prematuramente e ficou internado na UTI neonatal da Santa Casa de Votuporanga por três meses. A criança já passou por cinco cirurgias e aguarda mais uma, do intestino.
Sua mãe, Sirlei Silva de Oliveira Lourenço, de 32 anos, lutou quatro anos para engravidar. Ela já possui a filha Thayani de Oliveira Lourenço, de 12 anos. Começou a luta pela sobrevivência e a favor da vida. Com seis meses de gestação, ela sentiu contrações e foi encaminhada para uma unidade de saúde de Valentim Gentil, cidade onde mora com a sua família. "Os profissionais disseram que não tinha dilatado, mas senti novamente contração. Quando cheguei em Votuporanga, a minha bolsa havia descido. Tomei remédio e passou. Quando amanheceu, eu que ia fazer cesárea, nem foi preciso pois já estava bem dilatado", afirmou.
O nenê nasceu quase que sem batimento e sem respiração. "Ele também nem tinha tomado a vacina do pulmão. Os médicos nem fizeram laqueadura, porque nasceu praticamente morto", destacou. A mãe contou ao jornal A Cidade, que não pode ver o seu filho, que foi encaminhado diretamente para a UTI. "À noite, eu rezava baixinho, chorando, pedindo para que o Anjo Gabriel soltasse o pulmão do meu filho", contou. Luiz Gustavo recebeu três doses da vacina porque não reagia. "No quarto dia, ele estava muito mal, com o rim paralisado e infecção. Foi a primeira vez que a médica me disse que não passaria do outro dia. Fiquei a noite toda ao lado da incubadora, rezando e pedindo que ele tivesse força. Eu dizia: "a gente vai
vencer". Estava preocupada porque meu filho nasceu com 900 gramas e naquela ocasião, estava com 700", contou. Naquela noite, o bebê venceu, mas uma cirurgia viria. "Os médicos alegaram que ele estava com o intestino apodrecido e que teria que operar. Fui na Igreja Matriz, chorava muito quando uma mulher conversou comigo e me deu R$ 5 para comer algo, já que tinha passado a noite em claro". Com o dinheiro, Sirlei mostrou a sua fé: comprou um rosário e rezou o terço. O intestino da criança não precisou ser removido. Com um mês do procedimento cirúrgico, o filho ficou com o intestino para fora e fez a colostomia. Ele teve parada cardíaca com 18 dias e por conta do oxigênio da UTI sua retina estava descolando. Fez duas cirurgias em cada olho.
Passados três meses, a mãe comemora a superação do filho. "Eu me desesperava porque uma sobrinha teve o filho que nasceu prematuramente e morreu, da mesma forma que a da vizinha. Quando Luiz Gustavo nasceu, tinha 34 centímetros, ele nadava em uma caixinha de sapato", disse.
A rotina de Sirlei se resume em cuidar dos filhos e da casa. Toda a semana, ela vai com o bebê para sessões de fisioterapia, em Votuporanga e na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) em São José do Rio Preto. "Se não fosse a UTI neonatal, eu não teria ele. Aprendi a ter fé, rezava muito e pedia orações para Canção Nova, internet, fiz o que foi possível para estar vivo", destacou.
UTI neonatal
A Santa Casa de Votuporanga inaugurou em 15 de julho de 2007, a UTI neonatal, que segundo a neonatologista Lara Galvani Greghi era um sonho de muito tempo de alguns membros do hospital.
Dra. Lara explica que o fluxo de atendimentos é muito variável, pois os pacientes muito prematuros ficam bastante tempo internados e o giro é pequeno. Mas, em geral, são em torno de 20 bebês a cada mês. A UTI neonatal possui 10 leitos, sendo sete destinados aos pacientes do SUS e três para convênios e particulares. No setor, além de equipamentos de ponta, dos melhores fabricantes, trabalha uma equipe especializada de alto nível, para assegurar cuidado total aos bebês. Esses profissionais são médicos pediatras, com especialização em neonatologia, enfermagem com especialização ou treinamento e fisioterapeutas especializados.
Segundo Dra. Lara, "lidar com a saúde das pessoas é missão normalmente delicada. Mais ainda quando falamos de recém-nascidos, que acabaram de chegar a este mundo com a fragilidade natural dos primeiros dias de vida e por algum motivo têm alguma condição física ou patologia que os façam virar paciente da UTI neonatal".
No caso do Luis Gustavo, o atendimento e cuidado prestado pelo Alexandre Petreca (cirurgião pediátrico) foi extremamente importante aliado a UTI neonatal, pois ele realizou o primeiro procedimento cirúrgico no bebê, quando ele tinha apenas 700 gramas.
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