Caminhão lotado com doações sairá hoje de Votuporanga com destino ao vilarejo de Nossa Senhora da Glória
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
Na frente da casa do aposentado Antônio Rubens Gomes Ribeiro e da esposa Eva Rosa Ribeiro, várias caixas de papelão. Ao todo, são mais de 300 que possuem em seu interior, a solidariedade. São brinquedos, roupas, lençóis, alimentos e produtos de limpeza que irão para 350 famílias do vilarejo de Nossa Senhora da Glória, na cidade de Corinto (MG).
O casal que já ajuda o povoado há anos, se impressionou com a quantidade de doações. "Aumentou e muito a quantia que será distribuída. Creio que dobrou. Acredito que um dos motivos é a divulgação do nosso trabalho, inclusive no jornal que fez com que as pessoas participassem", afirmou Eva.
Segundo ela, este ano foram doados muitos calçados e roupas. "Também estamos contentes porque temos 65 cestas básicas prontas, além de produtos para formar novas. Poderemos entregar 150 cestas. Vestimenta é importante, mas sem alimento ninguém fica. Espero que Votuporanga continue solidária", acrescentou.
Um outro material solicitado pelos aposentados foi colchão. Este ano, eles levarão para o vilarejo mais de 70. "É uma coisa que eles sempre pedem, porque muitos não têm onde dormir. Com a ajuda da população, iremos realizar o sonho deles", disse.
Mas antes de chegar a Minas Gerais, vizinhos fazem uma força-tarefa. Aproximadamente 10 pessoas se mobilizaram e colocaram toda a arrecadação no caminhão cedido pela Facchini. As mulheres já pensam em fazer um site para que as doações aumentem. Dona Eva aproveita a ajuda e agradece os companheiros. "Quero agradecer a todos, principalmente a população que está ajudando e a Facchini, porque sem transporte não seria possível. Sem a ajuda de vocês, nada disso seria possível", ressaltou. A esposa do seo Rubens também faz um apelo para aqueles que não contribuíram. "Muita gente recebeu uma carta pedindo doações e não ajudaram, talvez pela falta de tempo. Espero que tenham oportunidades de colaborar com o nosso trabalho", emendou. O caminhão sairá
hoje de Votuporanga e a distribuição durará 30 dias.
Estudo
Além de distribuir as doações, o casal percorre as escolas para falar sobre a importância do estudo. "Arrecadamos brindes e entregamos para os alunos que têm melhores notas. É incrível como os estudantes chegam até mim e dizem que vão se esforçar para receber o presente no outro ano", afirmou.
A mulher falou sobre as dificuldades dos moradores. "Muitos deles não têm onde dormir e recebem pouco dinheiro com o serviço. Percorremos mais de 80 quilômetros de terra, calor, mas vale a pena. Todo trabalho que é feito com amor, não tem obstáculos que pare. Me sinto no céu, quando viajo para lá", ressaltou. Eva frisou que os materiais são entregues individualmente e que a estadia dela e do Antônio Rubens vai de 20 a 25 dias. "Não posso doar tudo em um dia, um trabalho de um ano de arrecadação", ressaltou.
O início
Todo este empenho partiu de seo Antônio Rubens, que nasceu em Jequitinhonha. "Saí de lá quando tinha 21 anos e só voltei a passeio, depois de 28 anos. Me deparei com a miséria e com uma região pior do que quando eu fui embora. As crianças me pediram bala e como eu estava desprevenido, não tinha. No ano seguinte, eu e minha esposa distribuimos gomas para todos", explicou.
Depois das balas, vieram os cachorros-quentes. "Geralmente entre o Dia das Crianças e o Natal faço a festa do cachorro-quente. Entregamos mais de 600 unidades no vilarejo", disse Eva.
Mas além de alimentos, o casal percebeu que os moradores do Vale do Jequitinhonha precisam de algo mais. "Participo de uma instituição de caridade e sempre fizemos um bazar. Percebia o quanto que algunas pessoas desfaziam das roupas e pensava nas pessoas que conheci em Minas Gerais. No primeiro ano, arrematei mais de 500 peças a R$ 0,10 cada e entreguei para as famílias de lá", afirmou a esposa de Antônio Rubens.
Toda a distribuição foi aumentando aos poucos. No começo, 35 quilos de balas e agora são 100 litros de óleo e mais de 50 caixas de papelão de roupas, além de cestas básicas e 200 pedaços de sabão caseiro que a dona Eva produz. Antônio Rubens e a mulher ressaltam a caridade dos votuporanguenses para que esta doação desse certo. "Temos que despertar o sentimento fraterno, graças a Deus muitas pessoas de Votuporanga estão dando assistência. Por isso, sempre que fazemos a distribuição gosto de salientar quem está colaborando conosco", disse Eva.
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