Prof. Manuel Ruiz Filho
Já existem estudos que nos dão a premissa de que o crime de colarinho-branco é praticado por pessoas que adentram ao mundo da discórdia por força do abandono à ética.
Por que será que empresários que muitas vezes pautaram por um comportamento decente, de repente abrem mão dessa característica e mergulham na escuridão da imoralidade? Se você pensa que o criminoso mora longe de você, está enganado! Talvez more do lado de sua casa, talvez o seu melhor amigo, o seu prefeito, seu vereador, seu deputado, seu senador e até mesmo seu presidente. A bem da verdade, o criminoso dessa sagacidade tem a mesma perspectiva de um cidadão de bem, acontece que, a influência do abraço ao crime está exposta na vontade que ele possui de ter bons resultados naquilo que estribou para alcançar sucesso em suas ‘empreitadas’.
Aí sim, ele perde a noção da linha da decência que separa o correto do incorreto, o decente do indecente, o moral do imoral, e dessa forma torna-se empresário do crime buscando tão somente bons resultados em seus ‘negócios’. Esse tipo de agressor nunca consegue enxergar o que faz de errado até que sua forma de agir venha à tona e seu nome exposto no rol dos malfeitores sociais. É claro, que isso pouco importa a ele. Seus objetivos foram alcançados e sua sagacidade extrapolou o container de suas necessidades. O criminoso de colarinho-branco não sente dores pelo mal que pratica ao semelhante e muito menos remorso, que não faz parte do seu vocabulário. Quando executa seus atos de corrupção imagina e supõe que não maltrata as pessoas individualmente, nem mesmo seus parentes e amigos mais próximos. Sua situação é mais ou menos comparada ao Estado que corrói a sociedade impondo-lhes impostos insuportáveis, mas se alivia quando imagina que esses valores serão devolvidos através de educação, saúde, transporte e moradias. Abominável isso. Nada dessa natureza teve ou terá final feliz. Somos, de fato, usurpados e não temos força sequer para reclamar com ninguém. E se temos forças, não temos atitudes.
A mim me parece que o brasileiro, em sua maioria, tem caráter passivo preferindo aceitar porque reclamar de nada adiantaria. A Lei parece fortalecer ainda mais os fortes e diluir cada vez mais o que se supõe frágil. A mídia tem estampado continuamente que pessoas de baixa renda e sem nenhum fator de criação decente tem lotado cadeias como se porcos fossem colocados em pocilgas ou lamaçais; e os abastados praticantes da corrupção continuam dizendo que não praticaram nenhum crime porque provas não são suficientes para condená-los (e o que é pior, a justiça aceita).
Quando condenados, nada devolvem à sociedade isolando-se simplesmente com tornozeleiras imaginárias em suas luxuosas mansões. A frase popular que prolifera na boca de todos de que “a justiça é cega”, realmente tem seu fundamento de verdade, embora não o tenha de justo, o que é miseravelmente lastimável.