Por Leonardo Azambuja: médico especialista em nutrologia, ciência da fisiologia humana e longevidade saudável
Leonardo Azambuja é colunista do A Cidade e escreve todas as quartas-feiras (Foto: Divulgação)
Aquela sensação de cansaço que não passa, nem mesmo quando se está em casa, em um feriado ou fim de semana, com pouco para fazer, e que pode vir acompanhada de outros sintomas, como dificuldades para dormir e dor, por exemplo, pode ser sinal da Síndrome da Fadiga Crônica. A doença, que atinge pessoas em diferentes faixas etárias, incluindo crianças na pré-escola, adultos jovens e idosos, afeta milhares de brasileiros, mas nem sempre é diagnosticada.
Uma das razões é que o cansaço persistente é um sintoma comum em outras doenças, como a anemia, a fadiga adrenal, a fibromialgia e o hipotireoidismo. De acordo com o International Chronic Fatique Syndrome Study Group, grupo de especialistas que definiu critérios que caracterizam a fadiga crônica e diretrizes para o tratamento, para obter o diagnóstico, o paciente deve apresentar, além do cansaço, pelo menos quatro outros sintomas, como dores musculares, dores nas articulações sem sinais inflamatórios, dor de cabeça, dor de garganta, gânglios inflamados e doloridos, alteração da concentração e da memória recente, febre baixa, alterações no sono e fraqueza intensa que persiste por 24 horas após a atividade física.
A síndrome afeta principalmente mulheres. O diagnóstico é feito por exclusão e o tratamento pode incluir atividade física leve e mudança no estilo de vida. Já a fibromialgia é uma doença crônica que provoca dores e sensibilidade nas articulações, nos músculos e outros tecidos moles do corpo. A estimativa, segundo dados da Sociedade Brasileira de Fibromialgia, é que entre 2% e 3% dos brasileiros sofram com a patologia. Além da dor no corpo, a doença tem outros sintomas iguais aos da fadiga crônica, como cansaço, distúrbios do sono, dor de cabeça, alteração da memória e dificuldade de concentração. Mas, apesar da similaridade dos sintomas, existem diversos critérios que permitem ao médico fazer a diferenciação entre as doenças.
Nos pacientes com fibromialgia, a dor é crônica e difusa, atingindo a região cervical, o peito, a nuca, as pernas e a região pélvica. Em geral, esta dor está associada à rigidez muscular. Já no caso da síndrome da fadiga crônica, o principal sintoma é o cansaço profundo por tempo superior a seis meses, em companhia de outras manifestações.
A causa da fibromialgia ainda não foi completamente determinada, mas uma das hipóteses é que ela esteja relacionada ao déficit da serotonina, neurotransmissor que atua no cérebro regulando a sensibilidade a dor, entre outras funções. Além disso, já se sabe que a doença ocorre em várias pessoas da mesma família, o que pode ser um indicador de que existem algumas mutações genéticas capazes de causar a síndrome.
Tratamentos naturais
Tanto no caso da fadiga crônica quanto no da fibromialgia cuidados não medicamentosos podem ser indicados como terapêutica, com foco em evitar a incapacidade física do paciente, minimizar os sintomas e melhorar a saúde de um modo geral.
A sigla para Sleep (dormir), Hormonal Support (suplementação hormonal), Infections (infecções), Nutrition (nutrição) e Exercise (exercícios) é o tratamento completo para ambas as patologias.
Procure um profissional capacitado para o tratamento focado na causa e não somente os sintomas.