O Sindicato promoveu uma reunião que abordou questões ambientais que afetam os produtores rurais de Votuporanga e região
O encontro contou com a participação de líderes e especialistas do setor agrícola e ambiental (Foto: Sindicato Rural)
Daniel Marques
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Com o propósito de discutir importantes questões ambientais que afetam os produtores rurais, o Sindicato Rural de Votuporanga sediou, na última segunda-feira (4), uma reunião inaugural voltada a abordar situações que impactam tanto o município quanto toda a região.
O encontro contou com a participação de líderes e especialistas do setor agrícola e ambiental, incluindo Pedro Stefanelli Filho (presidente do Sindicato Rural de Votuporanga), Ricardo Cezar da Silva Tiago (médico veterinário, produtor rural e presidente do Sindicato Rural de Cardoso), Amauri Antonio de Mendonça (engenheiro agrônomo, produtor rural e diretor da Cati [Coordenadoria de Assistência Técnica Integral] Regional de Votuporanga), Juvenal Borges da Silveira (médico veterinário e presidente do Sindicato Rural de Riolândia), Ricardo Domingos Luiz Pereira (engenheiro agrônomo e coordenador da Cati de Campinas), Ronaldo Reis Barreto da Silva (contador do Sindicato Rural de Votuporanga), William Sergio de Oliveira Vivan (zootecnista da Cati Regional de Votuporanga) e Diogo Mendes Vicentini (produtor rural de Votuporanga).
Entre os temas abordados, destacou-se a preocupação com as medidas de proteção ambiental diante das mudanças climáticas e das condições extremas que têm afetado a região, como incêndios severos e escassez hídrica nas reservas naturais. Amauri Antonio de Mendonça, engenheiro agrônomo e diretor da Cati Regional de Votuporanga, levantou pontos sobre a obrigatoriedade do cercamento das reservas florestais, prática que, segundo ele, tem potencializado o risco de incêndios ao dificultar o acesso para o combate ao fogo.
Mendonça citou ainda os exemplos de glebas isoladas pela implantação da cultura de cana-de-açúcar, que sofreram severas destruições por incêndios, o que torna sua recuperação quase inviável.
Participantes do encontro alertaram que a ocupação de gado em áreas florestais durante períodos de seca traz benefícios ao consumir cipós e gramíneas invasoras, contribuindo assim para a redução do material combustível e dos riscos de incêndio – prática popularmente conhecida como “boi bombeiro”.
Outro tópico de destaque foi a dificuldade e burocracia enfrentada pelos produtores rurais para armazenar água em represas ou açudes, uma limitação que, conforme discutido, induz muitos a optarem pela abertura de poços artesianos.
Os presentes também enfatizaram a necessidade urgente de flexibilizar as normas para construção de reservatórios de água, como represas, argumentando que a estocagem de água pode melhorar as condições climáticas locais e fortalecer os recursos hídricos, incluindo o aumento do volume de nascentes e lençóis freáticos. Segundo o Sindicato, a abertura indiscriminada de poços artesianos tem prejudicado os lençóis freáticos, afetando a existência e manutenção das minas de água na região.
As pautas da reunião foram aprovadas pelos presentes, e foi deliberada a necessidade de ampliar a discussão, com um novo encontro marcado para o dia 18 de novembro, às 9h, também na sede do Sindicato Rural de Votuporanga. A próxima reunião visa reunir mais produtores rurais e representantes de órgãos da região para debater propostas de ajustes legais que visem melhorias na preservação ambiental. “Para essa próxima reunião, queremos ainda mais participantes. A intenção é unirmos forças para termos mais representatividade e assim conseguirmos mudanças nas legislações, porque da forma que está, todos saem perdendo: o meio ambiente e os produtores rurais”, destacou o produtor rural de Votuporanga, Diogo Mendes Vicentini.
De acordo com os participantes da reunião, o encontro não tem intenção de confrontar a legislação ambiental, mas sim de adequá-la à realidade em que vive o produtor rural.