Gabriel Alves Cordeiro é acusado de atropelar e matar Jair Comino de propósito, ao ser incentivado por seu pai Luciano Pocebom Cordeiro
Pai e filho serão julgados pelo Tribunal do Júri pela morte de Jair Comino após uma discussão em um bar no Parque das Nações (Foto: Polícia Civil)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Pai e filho sentarão lado a lado no banco dos réus nesta sexta-feira (8), durante sessão do Tribunal do Júri da Comarca de Votuporanga. Luciano Pocebom Cordeiro e seu filho Gabriel Alves Cordeiro são acusados de matar o pedreiro votuporanguense Jair Comino, após uma briga de bar.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Luciano e Jair teriam discutido por causa de um jogo de bilhar em um bar no Parque das Nações. Após a briga, que teria sido apartada por outros frequentadores do estabelecimento, Jair, que na época tinha 63 anos, decidiu ir para casa para evitar novos desentendimentos e saiu do bar com sua motocicleta.
Nesse momento, ainda conforme a denúncia, Gabriel teria começado a perseguir a vítima com seu veículo, um GM/Astra, incentivado por seu pai que gritava “pega ele, pega ele!”. Quando conseguiu o alcançar, Gabriel teria jogado a parte dianteira do seu carro contra a traseira da motocicleta, o que acarretou na queda de Jair, e fugido sem prestar socorro. Momentos depois a vítima foi socorrida, mas morreu no dia 26 de novembro de 2018, em razão das fraturas e dos ferimentos causados pela colisão.
“Gabriel matou Jair por motivação banal, insignificante, em razão de um simples desentendimento que a vítima tivera momentos antes com seu pai, Luciano, por um jogo de bilhar, o que caracteriza a qualificadora do motivo fútil. Além disso, o crime foi cometido mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, que foi surpreendida pela colisão do automóvel guiado por Gabriel em alta velocidade contra a traseira de sua motocicleta, eliminando qualquer capacidade de reação. Por fim, Luciano induziu o seu filho a matar Jair, no momento em que o incitou a acelerar o veículo para atingir a motocicleta da vítima”, diz a denúncia.
Outro lado
A defesa, comandada pelo advogado Douglas Fontes, por sua vez, nega nos autos que Gabriel tenha provocado o acidente. Conforme a versão apresentada em juízo, após a discussão Luciano teria pedido para seu filho lhe buscar no bar, pois Jair estaria armado e ele teria ficado com medo.
Ainda conforme a defesa, chegando ao bar, Gabriel constatou que Jair estava armado e teria decidido o seguir com o intuito de anotar a placa e chamar a polícia. Em dado momento, segundo relatou em seu testemunho, ele teria perdido a vítima de vista só o encontrando novamente depois, quando ele já havia sofrido o acidente e estava caída no chão.
“Os fatos narrados na peça acusatória, não refletem a verdade, diante de todo o contexto probatório que se pode vislumbrar nos autos, e principalmente após a instrução processual, pelo fato de que os acusados eram quem estavam, de fato, em estado de perigo, uma vez que, quem estava na posse de uma arma era a suposta ‘vitima’, arma esta que fora localizada ao lado do senhor Jair, pela unidade de socorro no local onde se deu, infelizmente, o fatídico acidente”, diz trecho da defesa.
A defesa ainda contesta supostas contradições de uma testemunha que teria presenciado o crime.
Julgamento
Os dois lados do caso serão analisados pelos jurados. O júri está marcado para começar às 9h, seguindo as normas de segurança sanitária.