Da Redação
Funcionários da empresa A Lasca Consultoria e Assessoria em Arqueologia S/S Ltda estão na região de Votuporanga para dar continuidade ao Diagnóstico do Patrimônio Arqueológico que foi realizado em agosto de 2009 pela mesma empresa. A equipe fica na região até hoje.
O levantamento feito em 2009 sobre o diagnóstico do patrimônio arqueológico da Linha de Transmissão que liga a Usina Meridiano à Usina Noroeste Paulista, passando pelos municípios de Meridiano, Valentim Gentil e Votuporanga, foi realizado para compor o RAP (Relatório Ambiental Preliminar) do empreendimento, em atendimento à legislação vigente que trata dos estudos arqueológicos necessários ao licenciamento ambiental de empreendimentos modificadores do meio físico.
Deste modo, o desenvolvimento do presente estudo visou à identificação de bens caracterizados como patrimônio cultural arqueológico que possam vir a ser afetados por alguma das etapas de implantação ou operação do empreendimento.
De acordo com um dos funcionários da empresa, o especialista em Ciências Sociais, Fábio Guaraldo Almeida, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional), ao analisar o primeiro relatório, identificou como relevante a realização de ações de preservação da Estrada Boiadeira do Taboado, antiga rota de tropeiros iniciada em 2 de abril de 1895, e sugeriu que a empresa responsável pela construção da linha de transmissão desenvolvesse ações de identificação de projetos sobre cultura imaterial existentes por onde o empreendimento irá passar.
Evandro Ferreira, responsável pelo setor de Museus e Patrimônios Históricos de Votuporanga, acompanhou todo o processo e conta que forneceu materiais e informações sobre a Estrada Boiadeira, fazendas antigas, vilarejos e cemitérios que datam do início da abertura da referida estrada para composição do primeiro diagnóstico realizado em 2009.
Ferreira acompanhou os funcionários da empresa A Lasca partindo do trecho de Meridiano, Valentim Gentil e terminando em Votuporanga. Na ocasião, os funcionários da empresa, Natanael Braga e Fabio Guaraldo, registraram, com marcações por meio do GPS, os vilarejos como: Vila Carvalho, Cruzeiro, Santo Antônio do Viradouro e Aparecida. “Passamos pelo Cemitério das Três Cruzinhas, e pelo maior e mais antigo cemitério da região que fica na Vila Carvalho, local onde está enterrado o Coronel Carvalho, fundador do vilarejo. Passamos por capelas, cruzeiros de madeira, matas ciliares e paisagens típicas da nossa região. Tudo sendo anotado e registrado por meio de fotos e filmadora para composição do segundo relatório sobre existência do patrimônio imaterial inserido na Estrada Boiadeira e entorno”, enfatizou responsável pelo setor de Museus e Patrimônios Históricos de Votuporanga.
Os funcionários d’A Lasca informaram ainda que até o final da semana serão feitos estudos de prospecção de solo próximo às torres de transmissão para finalidades arqueológicas e possível identificação de vestígios de ocupação passadas.
Ferreira destaca ainda que Votuporanga é o município que mais se preocupa com a preservação da Estrada Boiadeira. Temos pesquisas, vídeos, projetos aprovados no PROAC e Lei Rouanet. Outro destaque é o projeto Roteiros Culturais que leva os alunos para conhecer a estrada e suas curiosidades. Na ocasião, os funcionários d’A Lasca visitaram o Museu Municipal, Complexo Matarazzo e o Ecotudo.
Iphan
O fato do IPhan se interessar pelo patrimônio imaterial da Estrada Boiadeira mostra que “possuímos um objeto de relevância nacional. Anteriormente já citado por Euclides da Cunha, Visconde de Taunnay e Pierri Mombeing e demais estudos e trabalhos sobre a ocupação do Oeste Paulista. Participar da realização desse relatório técnico é dinamizar o trabalho do Setor de Museus e Patrimônios Históricos, que por meio do Departamento de Cultura e Turismo da Secretaria da Educação, Cultura e Turismo já vem sendo desenvolvido”, ressalta Ferreira.
No próximo dia 2 de abril, a Velha Vereda do Sertão, como também é conhecida a Estrada Boiadeira, irá completar 117 anos, conforme publicação encontrada no Diário Oficial de São Paulo do ano de 1895. Hoje muitos dos trechos originais já foram descaracterizados ou desativados, o antigo caminho já sofreu grandes transformações e contrastes ao longo de décadas. Transformações estas que possibilitaram a demarcação de cidades e vilarejos que fazem parte de mais de 20 municípios da nossa região.