Eletricista de Ilha Solteira morreu em junho, em Trinidad e Tobago; corpo de Odair Bezerra chegou nesta quinta-feira na cidade para enterro
Depois de sete meses de espera, a família do eletricista Odair Bezerra Lins, que foi morto em Trinidad e Tobago, se preparou para fazer o velório e o enterro dos restos mortais do trabalhador, que era de Ilha Solteira (SP). Mas, na manhã desta sexta-feira (13), antes do velório começar, a família procurou a polícia para pedir uma nova investigação, porque desconfiaram que o corpo que chegou não é de Odair.
A família do eletricista desconfia que a ossada não é dele e questiona o laudo com a causa da morte.
De acordo com o irmão do eletricista Djair Bezerra Lins, o corpo chegou por volta das 19h desta quinta-feira (12), em Ilha Solteira. Mas, quando a viúva de Odair, Márcia Aparecida Martins Lopes, viu os restos mortais, suspeitou que não era do marido.
“Segundo a esposa dele, na verdade só tinha osso, não tinha corpo. Lá na funerária ela não concordou com a situação, fecharam a urna de novo. Um legista foi lá na manhã desta sexta-feira e o legista sugeriu acionar a polícia”, afirma Djair.
A causa da morte registrada no atestado de óbito também revoltou os familiares. Segundo Djair, no atestado veio que a causa da morte é indeterminada. “Sobre a morte o que a gente sabe é que fizeram a investigação, foi constatado assassinato, mas o atestado de óbito veio como morte não determinada. Se foi um assassinato, teria que ter uma causa, um tiro, um ferimento. Como vai dizer que a pessoa morreu com morte indefinida”, afirma.
Na delegacia, o delegado disse que, por se tratar de uma investigação internacional, a família deveria procurar a Polícia Federal para abrir uma investigação. O advogado disse para a TV TEM que ainda não está definido se vão abrir uma investigação.
Apesar da suspeita, a viúva de Odair decidiu manter o velório e o sepultamento ocorreu na tarde desta sexta-feira.
O eletricista trabalhava na ilha caribenha para a construtora OAS e desapareceu no dia 8 de junho. O corpo dele foi encontrado dentro da caminhonete da empresa que ele dirigia, semanas depois. Exames de DNA foram feitos em julho para comprovar a identificação do corpo. “Certo que foi assassinato, ele estava no trabalho, foi pego, o carro que ele estava foi encontrado dois, três dias depois e não foi roubado nada dos pertences dele. As únicas coisas que levaram foram o celular dele e da empresa. Dinheiro, carteira, aliança, tudo estava lá. Eu vi isso, eu e a filha dele. Não foi assalto”, afirma o irmão.
Djair acredita que não será fácil obter as respostas sobre o que aconteceu com o eletricista. O corpo demorou sete meses para retornar ao Brasil. O G1 entrou em contato com o Itamaraty e com a OAS para saber os motivos da demora para o corpo ser liberado, mas não retornaram até a publicação. “Infelizmente vai se uma resposta difícil de encontrar. Fiquei oito dias lá, com um intérprete, já que não conheço a língua. Será que as respostas que deram é o que a gente queria ouvir?”, questiona.
O caso
O eletricista foi visto pela última vez no dia 8 de junho. A família dele procurou a Polícia Civil de Ilha Solteira no dia 12 de junho. No dia seguinte (13), os parentes avisaram a Polícia Federal em Jales. Segundo a mulher do eletricista, Odair trabalhava na ilha do Caribe há mais de um ano na manutenção de máquinas pesadas na construção de rodovias naquele país.
Odair trabalha em San Fernando e voltava para casa a cada quatro meses. Representantes da empresa entraram em contato com ela após o desaparecimento para dizer que a caminhonete que ele usava havia sido encontrada abandonada perto de uma praia deserta com marcas de sangue. Ele teria saído sozinho para fechar uma bomba d'água e não foi mais visto.
No dia 24 de junho, a polícia de Trinidad e Tobago encontrou um corpo, em uma área de floresta, em Trinidad e Tobago. De acordo com a OAS, as roupas da vítima eram similares aos que o eletricista estava usando no dia do desaparecimento.
Mas, como ainda não havia confirmação oficial de que se tratava de Odair, foi preciso fazer um exame de DNA. A OAS disse em uma nota que, “pelas leis locais do país, é necessário que um irmão e um descendente realizem exames de DNA a fim de cruzar as informações genéticas do corpo encontrado."
De acordo com Márcia Aparecida Martins Lopes, mulher da vítima, ele relatava que os operários brasileiros estavam sendo ameaçados. "Ele falou para mim que eles estavam sofrendo ameaças do pessoal que mora lá e trabalha junto, que a firma não estava acertando o salário, não sei se é salário ou no acerto na dispensa do pessoal, já que está mandando todo mundo embora, mas eles estavam descontentes em questão de dinheiro”, afirmou a mulher na época.