Evelyn, de 17 anos, recebeu empurrão e socos do companheiro durante briga violenta entre os dois
Evelyn tinha apenas 17 anos. Entre idas e vindas, mantinha um relacionamento com José Emídio, 21, há quatro anos, de acordo com depoimento dele mesmo à Polícia Civil na tarde desta quinta-feira, 9, quando o namoro dos dois terminou de forma trágica. Durante uma briga pela manhã, por volta das 11h, José agrediu a namorada com socos, a golpeou com um rodo e a empurrou, fazendo com que ela batesse a cabeça na parede. A agressão, segundo relato dele, já se estendia desde o dia anterior. Ele ainda alegou à polícia que tentava se separar da jovem Evelyn e que a discussão aconteceu porque ela estaria “endemoniada”.
Eletricista, José Emídio Pereira Júnior disse à polícia que, ao bater a cabeça na parede, Evelyn Janaína Cordeiro de Oliveira sentiu tontura, mas teria recusado atendimento médico. O rapaz saiu para trabalhar logo após a sessão de agressões. Deixou em casa a jovem agonizando. De acordo com o relato dele à polícia, quando saiu, a moça ainda estava viva e consciente. Somente quando voltou para casa, por volta das 17h, encontrou Evelyn morta em um colchão no meio da sala de casa, no bairro José Menino, em Rio Preto.
Ao ver que a companheira já estava sem vida, o próprio José chamou a Polícia Militar. Ele foi preso em flagrante pelo crime de feminicídio, quando o assassinato ocorre em decorrência de violência doméstica. Levado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Rio Preto, prestou depoimento à delegada Margareth Franco e confessou o crime. Disse ainda estar arrependido pelo que fez. Se condenado, pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.
A perícia do Instituto de Criminalística esteve na residência do casal no final da tarde, logo depois que a Polícia Militar foi acionada. Segundo a delegada, o corpo já apresentava rigidez cadavérica, o que pode indicar que Evelyn morreu ainda pela manhã, mas só laudo do Instituto Médico Legal (IML) vai apontar a causa exata e o provável horário da morte.
Comoção
A morte de Evelyn chocou e comoveu amigos e familiares, que usaram as redes sociais para se manifestar. “Só Deus sabe como meu coração está apertado”, escreveu uma amiga. “Você não sabe o quanto é triste saber que não está mais com a gente”, publicou um familiar.
Indignado, o avô materno, João Vicente Cornélio, 65 anos, pede que seja feita justiça. “Desde o dia que ela foi morar com ele, a gente, da família, não a via mais. Ela sumiu. Só conversava com a gente por telefone”, disse.
Feminicídio
A delegada Margareth Franco, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), explica que o feminicídio é uma qualificadora do homicídio, quando o fato de a vítima ser mulher está diretamente ligado à morte. “Considera-se também quando a morte ocorre em decorrência de violência doméstica ou familiar”, afirma. A delegada ressalta que também é considerado feminicídio o assassinato por ódio, pelo simples fato de a vítima ser mulher.
A delegada ainda destaca que muitas vítimas de violência doméstica têm medo de denunciar, por vezes, pela dependência emocional ou financeira do agressor. “O recado é para que elas não se omitam. Que procurem a polícia e comuniquem os fatos, as agressões sofridas”, afirma Magareth.
A delegada encoraja a denúncia e explica que, assim que a queixa é recebida, se a mulher se manifestar favorável à medida protetiva, a polícia logo encaminha o pedido à Justiça, que, em até 48 horas, afasta o agressor de casa, proíbe o contato com a vítima e familiares, além de restringir lugares, como o local de trabalho da vítima. "Todas essas são medidas para inibir uma conduta agressiva", explica.
Fonte: Diário da Região