Gaeco e Polícia Civil dizem que Adriana Nunes Ramos Soprano e o marido, preso na Operação Partilha, lideraram esquema que desviou R$ 11 milhões dos cofres públicos.
Relógios, notebook e documentos apreendidos na casa da ex-secretária de Barretos, SP ( Foto: Reprodução/EPTV)
Suspeita de liderar um esquema de fraudes nos holerites dos servidores municipais em Barretos (SP), a ex-secretária de Administração Adriana Nunes Ramos Soprano foi presa no fim da manhã desta quarta-feira (10) em um condomínio de chácaras em São Carlos (SP).
Adriana era considerada foragida pela Operação Partilha, que prendeu o marido dela, Rafael Soprano, no início da manhã, na residência do casal em Barretos. No local foram apreendidos um veículo, duas pistolas, munições, documentos, computador e relógios de luxo.
O esquema foi descoberto após uma denúncia anônima, em novembro do ano passado, ao vereador Carlos Henrique dos Santos, o Carlão do Basquete (PROS), que hoje preside a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso na Câmara de Barretos.
Em janeiro, o prefeito Guilherme Ávila (PSDB) determinou o afastamento de 105 servidores por envolvimento no caso. Com o início da investigação interna, o número subiu para 113. O esquema teria desviado ao menos R$ 11 milhões dos cofres públicos.
A Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São José do Rio Preto (SP), também passaram a investigar o caso sob sigilo e deflagraram a Operação Partilha nesta quarta-feira.
Em nota, a força-tarefa informou que as investigações apontaram que servidores foram convidados a participar do esquema e, quando aceitavam, recebiam valores entre R$ 2 mil e R$ 11 mil mensalmente, incorporados aos salários.
A Prefeitura identificou que os holerites eram emitidos com valores maiores e os arquivos enviados ao banco. Após os pagamentos serem efetivados, as quantias "extras" eram retiradas uma a uma dos documentos que seriam impressos.
Segundo o prefeito Guilherme Ávila (PSDB), 90% dos servidores envolvidos recebiam cerca de R$ 11 mil a mais do que era devido. A CPI na Câmara suspeita que o esquema beneficiou candidatos da região a deputado estadual e federal nas eleições no ano passado.
Para a Polícia Civil e o Gaeco, os funcionários sacavam parte da quantia "extra" depositada e entregavam à ex-secretária. A força-tarefa informou que, durante as investigações, o casal tentou se desfazer de parte do patrimônio obtido ilicitamente.
A Justiça decretou a prisão preventiva de Soprano e Adriana, e determinou o bloqueio de imóveis e contas bancárias do casal.